Dona Pura e os camaradas de Abril
Germano Almeida
Como se constrói uma conversa entre um Capitão Ambrósio e uma Grândola Vila Morena? A essência do que é ser-se crioulo, no contexto mais cabo-verdiano que poderia haver, facilmente se entende com esta questão e resolve-a com a mesma naturalidade com que Cabo Verde, ao longo da sua história, se foi apropriando de forma quase descarada de múltiplas referências nas mais diversas geografias e foi moldando a sua matriz identitária, num processo que nunca chegará ao fim da estrada. Talvez o resultado mais preciso para sintetizar este espetáculo numa questão temática seja o seguinte: “Poderá um único evento estabelecer valores como a liberdade e a justiça?” A nossa resposta dramática é um rotundo “não” Como o explicita a nossa Pura: “As revoluções são, por definição, eventos extraordinários e todo o evento extraordinário tende a ser seguido pela regressão ao corriqueiro. Logo que se acalme a agitação das águas, quem esteve no topo da pirâmide do poder já lhe conhece as escadas”. No texto original, Germano Almeida ilustra-o no pensamento e na voz de outra mulher – Susana:” […] poucos anos após o 25 de Abril, as forças do grande capital, que ou eram fascistas ou tinham apoiado o regime fascista, estavam de novo no poder […]”
Ficha técnica:
A partir de Germano Almeida. Caplan Neves, dramaturgia; João Branco, encenação; Manuel Estêvão, Matísia Rocha, Pedro Lamares e Sócrates Napoleão, interpretação.
6 € a 10 €
Local: