Leite Derramado

Em resposta ao convite da Zaratan, Pedro Gramaxo assume o papel de artista-comissário e apresenta Leite Derramado, uma exposição coletiva com trabalhos de Fábio Cunha, Frederico Brizida, Luísa Cunha, Pedro Cabrita Paiva, Pedro Gramaxo e Sara & André.

Partindo de um diálogo sobre o quotidiano, os arquivos e a imaginação em tempos de pandemia, a exposição estabelece pontes entre o fazer artístico e a resiliência e questiona as diferentes formas em que o artista é convocado a elaborar respostas frente à catástrofe. Exposições, espetáculos e eventos culturais foram os primeiros a ser afetados pela pandemia do COVID-19. Da música aos livros, passando pelo teatro ou as artes visuais, milhares de artistas e de profissionais da área viram os seus eventos e ocupações a serem cancelados ou adiados.

Neste cenário, e embora a impossibilidade de contactar com o público, os artistas continuam a exercitar o rigor diário da produção artística, numa repetição doméstica e quotidiana que foge do cumprimento de tarefas e processos preconcebidas. Leite Derramado apresenta histórias, gestos, obras e projetos que surgiram no seio do confinamento forçado; assume a falha sistêmica da falta de apoio à cultura como um dado adquirido; considera a prática artística como uma necessidade ou um bem primário e essencial – como o pão ou o leite, taxados a 6%.

Configura-se um panorama lacticinoso e em processo de cura: o branco, o vazio, o líquido, o silêncio, o azedo. Composta por obras maioritariamente brancas, a exposição ocupa a galeria com um conceito de inexistência, como se a própria estivesse vazia, com peças de diferentes contextos de produção.

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