teatro
Um quotidiano plural
'Bilingue' no Teatro Nacional D. Maria II
Do encontro entre José Maria Vieira Mendes e Pedro Penim com alunos de três escolas superiores de teatro nasceu uma comédia fervilhante sobre comunicação e incomunicabilidade. Bilingue está em cena, de 3 a 7 de junho, no Teatro Nacional D. Maria II.
Do encontro entre dois nomes sobejamente conhecidos do teatro português com alunos de três escolas superiores de teatro nasceu Bilingue. O texto original é da autoria de José Maria Vieira Mendes e a encenação é de Pedro Zegre Penim. Aos alunos da ESTC (Lisboa), da ESMAE (Porto) e ESAD (Vigo) coube interpretar, criar o cenário e os figurinos, ou fazer a luz. Bilingue é, assim, o primeiro espetáculo do Projeto NÓS, uma feliz união entre criadores conceituados e finalistas de cursos de teatro de Portugal e da Galiza.
“A nossa abordagem ao projeto foi assumir que o espetáculo não era apenas um exercício para futuros artistas”, sublinha Pedro Zegre Penim. “Apesar de sermos os únicos profissionais, para efeitos do processo criativo, os atores e os técnicos também o são em Bilingue. Pelo menos foi assim que abordamos o desafio de criar este espetáculo.”
Para formar o elenco, Penim e Vieira Mendes entrevistaram inúmeros candidatos, e foi a partir dessas conversas que se procedeu à escolha da equipa artística. “Apesar de não estarmos entre os artistas com quem normalmente trabalhamos, tentámos transportar o nosso habitual processo de trabalho nos Praga para o projeto. O espetáculo final é, também, o resultado do contributo que eles deram.”
O texto de Vieira Mendes é uma espécie de “reflexão sobre o momento atual, partindo da dificuldade, para nós e para os outros, de nos apresentarmos a nós mesmos”. O resultado acaba por ser uma comédia fervilhante sobre comunicação e incomunicabilidade, onde as imagens mais vulgares do quotidiano tropeçam em problemas de cariz filosófico e existencialista e os arquétipos da cultura popular se confrontam com a cultura erudita.