A difícil vida de artista

‘Actores’ no Teatro Municipal São Luiz

A difícil vida de artista

Memórias, traumas, frustrações, sonhos e pesadelos da vida de cinco atores são passados em revista no novo espetáculo de Marco Martins. Os Actores Bruno Nogueira, Miguel Guilherme, Nuno Lopes, Rita Cabaço e Luísa Cruz (interpretada por Carolina Amaral) tomam conta do palco do São Luiz até 28 de janeiro.

Nem tudo será um drama, nem tão pouco uma comédia, na vida destes atores que o encenador e realizador de cinema Marco Martins juntou em palco para exporem muito mais de si do que aquilo que imaginamos. Apesar da popularidade, da aclamação e da consagração de que gozam, é uma vida difícil e sempre à beira do limite, com riscos profissionais e tantas vezes pessoais. Senão, repare-se precisamente no caso de Luísa Cruz, uma das escolhidas de Martins para Actores, e que, nos últimos momentos, entrou em “exaustão”, o que obrigou à sua substituição por Carolina Amaral.

 

“Aquilo que tenho verificado ao longo dos anos é que os atores são obrigado a desdobrar-se em papéis, ora no cinema ou na televisão, ora no teatro ou na publicidade, e isso leva-nos a encontrá-los muitas vezes num estado de exaustão completa”, refere o encenador, lembrando que foi essa constatação que fez germinar este espetáculo. “Durante meses, a partir de um leque de intérpretes com quem tenho trabalhado, conduzi várias entrevistas onde lhes pedia que me falassem não só dos projetos artísticos em que trabalhavam, como das suas frustrações, receios, custos da exposição pública, objetivos pessoais, etc.”

 

Nuno Lopes, Rita Cabaço e Bruno Nogueira numa cena da peça.

 

O resultado dessas entrevistas serviu de base aos vários capítulos que durante quase três horas se apresentam em palco, e que, sendo teatro, “funcionam quase como um documentário para cinema onde a memória se torna o lugar da ficção”. E por falar em cinema, Marco Martins é perentório em afirmar que Actores é “o espetáculo mais cinematográfico” que fez até hoje, independentemente da experiência em cinema destes “tão requisitados intérpretes” estar “praticamente ausente se comparada aos seus desempenhos na televisão e, sobretudo, no teatro.”