Diogo Infante dirige peça sobre amor e jornalismo

"Zoom" no Teatro da Trindade

Diogo Infante dirige peça sobre amor e jornalismo

Da autoria de Donald Margulies, dramaturgo norte-americano, galardoado com o Pulitzer em 2000, Zoom parte do relacionamento entre dois casais para oferecer um repositório de grandes questões do nosso tempo. Sandra Faleiro, João Reis, Virgílio Castelo e Sara Matos interpretam.

Depois de gravemente ferida no Iraque, a fotojornalista Sarah (Sandra Faleiro) regressa a casa onde reencontra o namorado, também ele repórter de guerra, James (João Reis). Além das mazelas visíveis, Sarah continua profundamente abalada, apesar dos esforços de James na sua recuperação. Entretanto, o casal recebe a visita de Richard (Virgílio Castelo), editor de fotografia e amigo de longa data, que traz consigo a jovem namorada, Mandy (Sara Matos). O contacto com esta mulher mais jovem, algo frívola e completamente deslocada do mundo destes jornalistas, vai provocar um forte abalo nas suas perspetivas de vida.

“O que mais me fascina nesta peça”, conta o encenador Diogo Infante, “é toda a natureza humana contida nestas personagens. Por um lado, há aquelas três que se regem pelos mesmos códigos, pela profissão, pelos mesmos interesses. E, depois, surge Mandy, e tudo é como que colocado em causa.”

A atriz Sandra Faleiro volta a ser dirigida por Diogo Infante.

 

O abalo começa, desde logo, na vida de Richard. Apaixonado, a relação com a jovem proporciona-lhe uma mudança radical no seu percurso, que passará, mais tarde, pela assunção plena do compromisso. Para James, enquanto observador, a relação do amigo leva-o a questionar o seu próprio papel social enquanto repórter e, simultaneamente, aquilo que tem sacrificado ao longo da vida em nome da profissão, nomeadamente, os afetos e a perspetiva de construir uma família.

Zoom é, apesar do olhar sobre o mundo em que vivemos, “uma história de amor.”

 

“Apesar do olhar muito atual sobre os conflitos que ocorrem no mundo, sobre o papel dos jornalistas e a sua implicação social, Zoom é sobre essa trupe que é a família”, releva Infante. “No fundo, é uma peça sobre relações, sobre encruzilhadas. Uma história de amor.”

E, no centro da encruzilhada está Sarah. Uma “vida normal” até a pode tentar, mas continua a existir um mundo lá fora e histórias para contar. Sem certezas e no limite das emoções, a fotojornalista vai ser colocada perante decisões que poderão definir toda a sua vida.

Zoom, de Donald Margulies, está em cena, na Sala Carmen Dolores do Teatro da Trindade, até 31 de março.