Parabéns São Luiz

O teatro municipal completa 125 anos

Parabéns São Luiz

Até dezembro, atravessando o final de uma temporada e o primeiro terço de outra, o São Luiz Teatro Municipal comemora 125 anos com uma programação especial. Joana Craveiro, Teatro Praga, Miguel Loureiro, Teatro Meridional, André Murraças e Madalena Marques são alguns dos criadores convidados para evocar a memória e o futuro de um dos mais importantes espaços de cultura da cidade.

“A memória só serve se for para fazer futuro”, considera a diretora artística do Teatro São Luiz, Aida Tavares, introduzindo o ponto alto das celebrações do 125.º aniversário: a encenação da ópera A Filha do Tambor-Mor, de Jacques Offenbach, precisamente aquela que inaugurou, a 22 de maio de 1894, o então Theatro D. Amélia, atual São Luiz Teatro Municipal.

Numa produção integralmente assumida pelo teatro municipal, este regresso da ópera de Offenbach à sala principal do São Luiz reúne “um elenco para o futuro”, proveniente de escolas superiores de música, dança e teatro de todo o país. Com encenação de António Pires e direção musical de Cesário Costa, esta grande produção conta com Paulo Vassalo Lourenço como maestro do coro, cenografia d’ A Tarumba – Teatro de Marionetas, Dino Alves nos figurinos e Aldara Bizarro no movimento. A ópera será de entrada livre, estando em cena de 22 a 25 de maio.

“Era Uma Vez um País Assim: Contar Bem Contadas a Ditadura e a Revolução”, de Joana Craveiro/Teatro do Vestido

 

Numa extensa programação, que arranca já este fim de semana, com Espetáculo Guiado de André Murraças, as comemorações dos 125 anos do São Luiz prosseguem em abril com duas propostas do Teatro do Vestido. O coletivo dirigido por Joana Craveiro promove uma Ocupação (de 24 a 30 de abril) de todos os espaços do teatro, naquele que será “um espetáculo documental de investigação, onde não só o que se passava dentro de portas merece ficar registado, mas também nos espaços envolventes – ou não estivesse o São Luiz situado paredes meias com a antiga sede central da PIDE em Lisboa; ou não se tivessem muitos dos manifestantes refugiado junto ao São Luiz e dentro dele, no 25 de abril de 1974, em que a PIDE abriu fogo sobre a multidão reunida na Rua António Maria Cardoso.”

Em Era Uma Vez um País Assim: Contar Bem Contadas a Ditadura e a Revolução retrata-se, para o público infantojuvenil, as histórias da resistência ao fascismo e evoca-se o dia em que “pessoas que tinham lutado às escondidas, puderam sair para a rua a escrever a tal palavra – Liberdade”. Com texto e encenação de Joana Craveiro, o espetáculo, inserido na programação “São Luiz Mais Novos”, está em cena entre 1 e 7 de abril.

Mais futuro, sem perder a memória

Para além da ópera de Offenbach, o mês de maio marca o regresso ao São Luiz do coletivo Teatro Praga e de Miguel Bonneville. Aos Praga, o teatro municipal fez a encomenda de um musical “histórico” que revisite mais de um século de vida de uma sala que já teve três nomes (D. Amélia, República e São Luiz), que foi teatro e também cinema, que sobreviveu a um devastador incêndio e que inscreveu nas suas paredes as passagens de divas maiores da arte de representar, como Sarah Berhardt e Amélia Rey-Colaço. Xtraordinário sobe a palco a 10 de maio.

Quanto a Miguel Bonneville, o criador e ator continua a perseguir as vidas e obras de artistas e pensadores que influenciaram o seu percurso artístico. Desta feita, Bonneville dedica-se à figura de Georges Bataille, influente autor francês nascido três anos após a fundação do São Luiz.

Em junho, mês das Festas de Lisboa, o destaque vai para o Teatro Meridional que apresenta Histórias de Lx, um retrato da cidade que somos, hoje, entre lisboetas de todas as raças e credos e turistas dos quatro cantos do mundo, com recolha de textos e encenação de Natália Luiza.

O programa comemorativo foi apresentado a 8 de março pela vereadora Catarina Vaz Pinto e pela diretora artística Aida Tavares (ao centro).

 

A abrir a Temporada 2019/2020, Miguel Loureiro encena A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas (Filho), com Carla Maciel, numa evocação da passagem de Eleonora Duse pelo palco do São Luiz, em 1898. Ainda em setembro, arranca mais uma temporada de Os Sapatos do Sr. Luiz, de Madalena Marques, agora numa nova versão que não esquece figuras ligadas à história do teatro, como Sarah Berhardt, Mário Viegas ou Almada Negreiros, nem aqueles “técnicos que, nos bastidores, ajudam diariamente a pôr todos os espetáculos em pé.”

E, porque o São Luiz foi, durante um largo período de tempo, uma sala de cinema, o pianista e compositor Filipe Raposo foi desafiado a compor uma partitura para uma das obras-primas da história da sétima arte: Metropolis, de Fritz Lang. Este clássico do cinema mudo estreou em Portugal a 7 de abril de 1928, precisamente, no então denominado São Luiz Cine, e voltará a encantar as plateias de 11 a 17 de novembro.

Nota final para o lançamento, a 6 de setembro, do livro São Luiz 125, editado por Vanessa Rato. Trata-se de uma “reflexão sobre a instituição que foi, é e será o Teatro São Luiz, destacando não apenas a memória histórica, mas também o seu papel no panorama cultural e artístico do presente e do futuro”. O livro, com edição da Imprensa Nacional Casa da Moeda, conta com textos de António Pinto Ribeiro, André Teodósio, Filipe La Féria, Joana Craveiro, José Gil, José Sarmento de Matos, entre outros.

 

Programação integral em teatrosaoluiz.pt