sugestão
Os livros de fevereiro
Sete sugestões de leitura
O romance, a historiografia, o design, a arquitectura, a poesia e a arte do xadrez, preenchem a sugestões de leitura para o mês de fevereiro. Não se esqueça que o livro é o melhor companheiro para os dias de chuva!
André Tavares e Diogo Seixas Lopes
Arquivo Diogo Seixas Lopes
Diogo Seixas Lopes deixou-nos prematuramente em 2016, ainda na casa dos 40. Partiu antes de ver concluída a construção da Torre FPM 41, projecto do atelier Barbas Lopes, dirigido por si e por Patrícia Barbas. A amizade, a saudade e o reconhecimento intelectual estão na génese da produção deste extraordinário Arquivo, documento e documentário da produção escrita de Seixas Lopes – entre produção impressa e inéditos – com a excepção dos livros Cimêncio (Fenda 2002, com Nuno Cera) e Melancolia e Arquitectura em Aldo Rossi (Orfeu Negro, 2016). Diz André Tavares que “Seixas Lopes pensava de um modo cinematográfico.” Os seus interesses não conheciam fronteiras; toda a cultura lhe interessava: o cinema dos artistas e dos autores, a música dos punk-rockers e dos cantautores, a banda-desenhada e, claro está, a arquitetura, cada texto marcado por uma “permeabilidade disciplinar que caracterizava o seu olhar.” As mais de 800 páginas deste impressionante volume dão conta de um arquivo muito vivo. RG
Dafne Editora
Maria Barreto Dávila
A Mulher dos Descobrimentos
No prefácio deste livro, escreve a historiadora Maria Barreto Dávila: “As mulheres estão normalmente ausentes do discurso historiográfico sobre a História da Expansão e dos Descobrimentos Portugueses. A única mulher presente no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, é a rainha D. Filipa de Lencastre, aí representada por ser a mãe da Ínclita Geração. Porém, as mulheres foram agentes activos da Expansão Portuguesa. Entre elas, a que mais se destaca é sem dúvida a infanta D. Beatriz de Portugal, duquesa Viseu e de Beja, e governadora do Atlântico”. A autora traz-nos a primeira biografia de D. Beatriz, mulher dos Descobrimentos, sobretudo no que diz respeito aos avanços levados a cabo pelos portugueses nas ilhas e na costa do Atlântico. Governou entre 1470 e 1483 os arquipélagos da Madeira, dos Açores e de Cabo Verde, cabendo-lhe velar pelo crescimento económico da madeira pelo povoamento dos Açores e pelo desenvolvimento de Cabo verde. A obra acompanha as suas origens, a sua formação, a sua ascensão entre homens, o seu carácter e o seu legado.
A Esfera dos Livros
Orlando da Costa
O Signo da Ira
O Signo da Ira (1961), foi o primeiro romance do autor, galardoado com o Prémio Ricardo Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa, a mais importante distinção portuguesa para obras literárias do seu tempo. O romance, reflectindo a influência neo-realista, conduz-nos pelos conflitos sociais e humanos da sociedade goesa durante o salazarismo, aprofundando e explorando as memórias da história colonial portuguesa na Índia. A acção decorre durante a II Grande Guerra, na então denominada Índia Portuguesa, e retrata a rígida estratificação traduzida pelas castas locais e a intromissão protagonizada neste sistema pelos expedicionários portugueses. Num ambiente de opressão e miséria, decorrente da prepotência das castas superiores e das agruras do clima e das condições agrícolas, surgem as inesquecíveis personagens femininas revelando uma força interior e uma atitude de revolta ausente nos homens. Este belíssimo romance é agora reeditado com prefácio de Gonçalo M. Tavares e posfácio de Rosa Maria Perez.
Caminho
T. S. Eliot
O Livro dos Gatos Práticos do Velho Gambá
Nos anos 30, T. S. Eliot escreveu, sob o pseudónimo de Old Possum, uma série de poemas sobre gatos que enviou por carta aos seus afilhados. Um poema inicial sobre o nome dos gatos e um final sobre o tratamento dos gatos abrem e fecham uma coletânea sobre o comportamento de 13 felinos: da velha Gruda, a gata doméstica, ao Bustopher Jones, o gato citadino, passando pelo Mungojerrie e o Rumpelteazer, os gatos artistas, hábeis rapinantes, Gus, o gato do teatro ou Macavity, o gato mistério. Para além de “outros tantos e diferentes / de muitos tipos, muitas mentes” demonstrando que, afinal, “Os Gatos são iguais a nós”. A presente edição bilingue (português/inglês) de um clássico da literatura infantil do século XX, da autoria de um dos seus mais influentes poetas, Prémio Nobel de Literatura de 1948, constitui um grande acontecimento editorial. Tradução do poeta Daniel Jonas e ilustrações originais de Edward Gorey.
Assirinha
Patricia Reis
As Crianças Invisíveis
Patrícia Reis nasceu em 1970, em Lisboa. Começou a sua carreira de jornalista em 1988. Estreou-se na ficção em 2004, com Cruz das Almas. A sua novela O que nos separa dos outros por causa de um copo de whisky (2014) ganhou por unanimidade o Prémio Nacional de Literatura da Fundação Lions. Quem são as crianças invisíveis de que fala no seu mais recente romance? São as crianças vítimas de abandono, maus-tratos e sujeitas a processos de adopção a ser usada e devolvida por famílias sucessivas, representadas por M, a protagonista desta obra tocante. Esta é a sua história até chegar à idade adulta, atravessando um processo de invisibilidade, no qual a dor se confunde com a esperança de encontrar uma vida a que possa chamar sua. Construindo toda a narrativa de uma maneira muito original, sem identificar o sexo das crianças, e a partir do olhar delas, a escrita límpida, poderosa e cirúrgica de Patrícia Reis conduz-nos, neste romance avassalador, através dos sonhos, do medo e da intimidade de um conjunto de personagens que percorrem a infância e a adolescência sem pai, nem mãe, nem identidade
Dom Quixote
Mário Moura
A Força da Forma
A Força da Forma problematiza a identidade do design português e as suas múltiplas intersecções com outros formatos sociais e institucionais. Numa reflexão crítica sobre a contaminação das formas gráficas pelos regimes políticos, o mercado e a tecnologia, Mário Moura revela como o discurso do design nunca é puramente visual. Desenvolvidas a partir da exposição homónima no âmbito da Porto Design Biennale 2019, as crónicas historiográficas apresentadas traçam um percurso amplo, por vezes inesperado, desde as práticas do design no Estado Novo ao diálogo com a arquitectura e a banda desenhada. Mário Moura é crítico de design, conferencista e blogger. Lecciona actualmente História e Crítica do Design na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, integrando também o Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS). Escreve regularmente para jornais, revistas e no blogue The Ressabiator. É autor do livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009) e editor da revista Monumentânea (Grandes Armazéns do Design).
Orfeu Negro
Álvaro Pereira
O Grande Livro do Xadrez
Na obra-prima de 1957, O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, um cavaleiro medieval que regressa das Cruzadas vê-se confrontado com a figura da Morte. Propõe-lhe um decisivo jogo de xadrez com duas exigências: uma trégua enquanto o jogo durar e, em caso de sua vitória, ser deixado em paz. Não foi por acaso que Bergman escolheu o xadrez, pois ele é o jogo de estratégia por excelência que só um grupo muito pequeno de pessoas consegue dominar com elevada mestria, sublinhando assim a grandeza e a nobreza do duelo em causa. As origens do jogo do xadrez perdem-se nas brumas do tempo, mas nos nossos dias é utilizado e recomendado como instrumento fundamental para desenvolvimento de capacidades de liderança estratégica e como desafio intelectual para os mais jovens desenvolverem a concentração e a literacia estratégica. O presente livro é a mais completa e abrangente abordagem ao jogo nos seus fundamentos práticos, teóricos, estratégicos e nas suas mais variadas manifestações culturais. Uma abordagem inédita ao mundo do xadrez, alternando capítulos de natureza técnica, que compõem um manual completo do jogo, com outros, que compilam a história, as lendas e episódios curiosos que ajudaram a criar a sua mística.
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