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Os 20 Anos da Monstra
O Festival de Animação de Lisboa está a chegar
A edição celebrativa dos 20 anos do Monstra – Festival de Animação de Lisboa, que devia ter acontecido em março, foi reagendada e começa já a 29 de setembro. Até 10 de outubro são exibidos, em retrospetiva, alguns dos melhores filmes que passaram pelo certame, aos quais se juntam muitas outras novidades. Para assinalar este aniversário histórico, a Agenda Cultural de Lisboa falou com várias personalidades ligadas ao festival e ao cinema de animação.
[texto original publicado em março, atualizado em setembro]
Ao longo destes anos foram homenageados no Monstra – Festival de Animação de Lisboa mais de 20 países mas, neste aniversário, o destaque vai para “o Mundo”. O programa exibe, para além das obras que marcaram a história do festival, alguns dos filmes de animação que foram produzidos recentemente, casos de Setembro, de Ricardo Mata e de A Famosa Invasão da Sicília pelos Ursos, de Lorenzo Mattotti, que integrou a secção Un Certain Regard, no Festival de Cannes, em 2019. Destaque também para o filme-concerto Solar Walk, onde é projetada a curta-metragem de Réka Bucsi, acompanhada ao vivo pela Big Band da Escola Superior de Música de Lisboa.
Há ainda filmes históricos para ver na Cinemateca, sessões para escolas e famílias na programação da Monstrinha e a exposição com figuras dos filmes de Tim Burton, no Museu da Marioneta. Para assinalar o 20.º aniversário, a Agenda Cultural de Lisboa falou com personalidades ligadas ao festival e ao cinema de animação.
Fernando Galrito
Diretor artístico da Monstra e professor de animação
Para Fernando Galrito o balanço dos 20 anos da Monstra é muito positivo. Ao longo deste tempo o festival teve mais de 1 milhão de espectadores e transformou a vida pessoal de quase todos os que nele trabalharam ou trabalham. Abriu portas e deu protagonismo ao cinema de animação dentro e fora do país (esteve presente em mais de 150 cidades internacionais). Por isso, talvez se justifique que este ano o convidado especial seja o Mundo!
Guilherme Afonso e Miguel Madaíl de Freitas
Diretores da Nebula Studios e realizadores
A dupla de realizadores estreou no Monstra, em 2019, um dos primeiros filmes de animação portuguesa de produção independente. A curta Don’t Feed These Animals, apresenta um coelho bipolar que tem um apetite voraz e que certo dia, por acidente, dá vida à sua comida favorita: uma cenoura. Guilherme e Miguel são também dois dos diretores da Nebula, produtora audiovisual especialista em animação 3D e efeitos visuais. A empresa, criada em 2008, é responsável pela publicidade de grandes marcas, mas resolveu apostar no cinema de animação.
Susana Realista
Produtora da Monstrinha
A Monstrinha nasceu também há 20 anos apresentando aos mais novos o melhor cinema de animação produzido no mundo. Susana Realista, uma das responsáveis pela produção deste festival dentro de um festival, refere a importância que a Monstrinha tem tido na formação do público mais jovem. No primeiro ano do festival assistiram 3000 pessoas, em 2019, só a Monstrinha contou com 27 mil crianças, jovens e famílias. Mas mais importante que os números, é a partilha cultural, artística e humana que se constrói com milhares de crianças.
Nuno Beato
Produtor na Sardinha em Lata, realizador e professor
A produtora Sardinha em Lata nasceu pela mão de Nuno Beato, em 2007. Dos vários projetos destaca-se a série Ema & Gui, realizada em 2010 para televisão e exibida no programa Zig Zag da RTP 2. A Monstra dedica uma exposição à série, no Cinema São Jorge, e uma conversa que conta com a presença de Nuno Beato. Para 2021 está prevista a estreia da primeira longa do cineasta: Os Demónios do Meu Avô. Escrito por Possidónio Cachapa, decorre numa aldeia imaginária em Vale do Sarronco, povoada de humanos, animais e seres fantásticos inspirados no universo da ceramista Rosa Ramalho.
José Miguel Ribeiro
Produtor na Praça Filmes, realizador, ilustrador e professor
Um dos fundadores da produtora Praça Filmes, José Miguel Ribeiro foi este ano o autor do cartaz da Monstra. Realizador do filme A Suspeita, vencedor do Cartoon D’Or, o prémio mais importante de curtas de animação europeias, é também curador de um programa de curtas-metragens portuguesas, nesta edição do festival. Neste momento, o cineasta está a desenvolver o projeto Nayola, uma longa de animação com argumento de Virgílio Almeida, baseado na peça A Caixa Preta, de José Eduardo Agualusa e Mia Couto.