sugestão
O lugar de onde se vê é a nossa casa
Comemorar o Dia Mundial do Teatro em tempo de pandemia
Teatro é uma palavra provinda do grego theatron, que significa "lugar donde se vê um espetáculo". Em tempos excecionais como este, o único lugar possível para o fazer é a sua casa. Para isso, dezenas de artistas preparam-se para comemorar o Dia Mundial do Teatro, levando até ao ecrã de televisão, ao aparelho de rádio ou ao smartphone a nobre arte de representar em palco. Mesmo quando o palco é apenas o lugar possível.
Mal se percebeu a gravidade da situação, vários artistas, companhias e instituições culturais puseram mãos à obra para que o espetáculo não abandonasse as nossas vidas. No setor do Teatro, com as salas a suspenderem a carreira de largas dezenas de produções e a deixarem na mais profunda incerteza o futuro de atores, encenadores, técnicos e outros tantos agentes que fazem a arte acontecer, a solução passou por recuperar grandes sucessos do passado, imortalizados em registos de video, e disponibilizá-los online, através de plataformas de streaming ou em redes sociais.
Filipe La Féria foi um dos primeiros. Depois de My Fair Lady, o encenador apresenta, na página do facebook do Teatro Politeama a partir de dia 28, Maldita Cocaína, um musical de grande sucesso, estreado em 1993, estrelado por nomes como Ruy de Carvalho e Simone de Oliveira. Mas, no dia 27 de março, a partir das 23 horas, é na RTP1 que sobe o pano: a televisão pública apresenta a versão do encenador da popular peça de Alejandro Casona As Árvores Morrem de Pé, com Manuela Maria num papel mítico, outrora criado por Palmira Bastos e imortalizado na história do teatro português.
Também na senda de recuperar espetáculos de sucesso, o Teatro Aberto assinala a data com a exibição da peça de Florian Zeller A Verdade, protagonizada por Paulo Pires, Miguel Guilherme, Patrícia André e Joana Brandão. Esta é mais uma encenação de João Lourenço a chegar a nossas casas, depois de a exibição de A Mentira ter sido um tão grande sucesso, através do site do Teatro Aberto alargou-se o período de disponibilização dos espetáculos, agora diariamente das 16h à meia-noite.
O Teatro Nacional D. Maria II também transferiu o palco para nossas casas e aposta em produções recentes via Vimeo. Na plataforma de streaming está “em cena” o musical “adolescente” Montanha-Russa de Miguel Fragata e Inês Barahona. A partir de dia 27, Dia Mundial do Teatro, duas novidades: às 11 horas “estreia” A Origem das Espécies, um espetáculo para toda a família da autoria de Carla Maciel, Crista Alfaiate, Marco Paiva e Paula Diogo, a partir de Charles Darwin; e à noite, pelas 21 horas, Sopro, o aclamado espetáculo de Tiago Rodrigues, com a particularidade de ser exibido em Português, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa e nas versões legendadas em Inglês e Francês.O D. Maria II promete ainda mais novidades para esse dia especial, mas a entrada para os espetáculos faz-se, como vem sendo habitual por estes dias, por aqui.
Um estreia online, o teatro na rádio e o poder do direto
No dia em que previa estrear no palco do Teatro Taborda Mundo Novo, Carlos J. Pessoa e o Teatro da Garagem levam para as nossas salas uma versão em 15 episódios daquela que é a 101.ª criação do coletivo. É uma estreia absoluta que pode ser descoberta em primeira mão na plataforma Vimeo, com acesso pelo site oficial da companhia.
Entretanto, na Antena 2, pelas 19 horas de dia 27, os Artistas Unidos apresentam o texto de Bernardo Santareno, Restos. A peça tem direção de Pedro Carraca e repõe, posteriormente, a 5 e 10 de abril.
Para assinalar em grande o Dia Mundial do Teatro, a companhia liderada por Albano Jerónimo, Cláudia Lucas Shéu, Luís Puto, Francisco Leone e Rui Monteiro – o Teatro Nacional 21 -, apresenta várias leituras da dramaturgia portuguesa e internacional (de Gil Vicente a Harold Pinter) por atores e atrizes como Rita Blanco, Bruno Nogueira, Mariana Monteiro, Isabel Abreu, Luísa Cruz, Ana Busttorf, Virgílio Castelo, Custódia Gallego, Emília Silvestre, João Reis, Miguel Raposo, Anabela Moreira, António Durães, António Parra, Maria Leite, Guilherme Moura, Solange Freitas, Miguel Nunes e Marco Paiva. A festa conclui-se pelas 21 horas quando subir ao “palco” Albano Jerónimo, em direto da sua sala de estar, para uma versão “doméstica” de Veneno, de Lucas Sheu. A plateia reúne-se a partir daqui.