opinião
Juntos, somos mais teatro
Um artigo de Aida Tavares
Desde 2002 no São Luiz, onde chegou pela mão do então diretor artístico Jorge Salaviza, Aida Tavares assumiu a direção do teatro municipal em 2015. Para a edição de maio da Agenda Cultural de Lisboa, foi uma das personalidades desafiadas a refletir sobre o teatro que dirige em tempos de pandemia e a enorme incógnita do futuro.
A cultura é um valor fundamental nas nossas vidas e, por isso, depois destes dias de confinamento, não haverá incertezas na defesa desse princípio fundador da liberdade. Faremos, juntos, um caminho que nos devolva a casa os artistas e os públicos sem os quais este teatro são só paredes vazias.
O que temos para oferecer é o resultado de um compromisso com todos e cada um, técnicos, artistas e espectadores: Uma temporada preparada com o mesmo empenho e a mesma alegria que nos é característica, e onde ninguém ficou para trás.
Mas quero sublinhar isto: estamos e estaremos prontos para reforçar o coletivo e proteger cada um daqueles que vierem ter connosco. Temos consciência do impacto que algumas mudanças irão produzir nas artes da proximidade como o são as artes performativas. Serão vários os desafios a enfrentar mas nenhum deles nos faz vacilar quando afirmamos que estaremos prontos e em segurança.
É no coletivo que o desejo do teatro se converte em representação. É no indivíduo que ele se prolonga. As salas são cheias de indivíduos, não são só números. Abrimos porque vos queremos nossos cúmplices. E isso implica proteger todos e cada um.
No futuro próximo, os artistas continuarão a ser o nosso presente. Eles são o centro do nosso trabalho. Conscientes do momento que se atravessa, queremos que saibam que o São Luiz é o que tem sido por vossa causa e, por isso, estamos na linha da frente na defesa dos vossos direitos. Juntos, somos mais teatro. Juntos, saberemos olhar para estes tempos sem esconder que a fatalidade não se transforma em oportunidade ignorante. Muda-nos. E seremos, todos, melhores na mudança.