Que evolução se deu nas funções que antes tinham no festival e as responsabilidades agora assumidas?
Carla Nobre de Sousa (CNS) –Trabalhei na edição de 2016 como coordenadora de produção, e em seguida integrei a equipa permanente do Alkantara. Na edição de 2018 fui assistente do anterior director artístico, o Thomas Walgrave. Foi o ano em que o David entrou e quando o Thomas saiu assumimos juntos a direção artística.
David Cabecinha (DC) – No meu caso comecei a colaborar com o Alkantara em 2018, edição que acompanhei, no fundo para me preparar para assumir com a Carla a direção artística.
A programação desta edição é inteiramente do vosso critério?
CNS – O último festival foi em maio de 2018, já passou algum tempo. O festival até acontecia de dois em dois anos, a partir de 2020 vai passar a acontecer anualmente. Fomos nós que começámos a programar do zero, sim.
Convosco na direcção artística, o Alkantara será predominantemente um festival de dança?
DC – Não é essa a nossa intenção. Neste momento julgo que existirão mais projetos que podem ser identificados como dança, ou que surgem de práticas relacionadas com a dança, mas temos estado à procura de experiências ou de projetos de artes performativas que não sejam necessariamente entendidos como dança ou como teatro.
As vossas sensibilidades e escolhas enquanto programadores assemelham-se ou complementam-se?
CNS – Isso é uma relação que estamos a construir também. A pergunta é complexa. Não nos conhecíamos bem quando começámos a trabalhar juntos. É a primeira vez que estou a fazer programação, e o David já tinha alguma experiência anterior. Estamos a construir os nossos interesses para o Alkantara em conjunto.
DC – Ao longo do caminho, até chegar a esta programação que apresentámos ontem [13 de outubro], fomos discutindo as propostas e percebendo como é que elas se articulavam, o porquê de escolhermos um projeto em detrimento de outro, e fomos percebendo que visão pretendíamos dar com esses projetos, com os que ficaram e com outros que íamos vendo e discutindo.
Qual a importância da presença de artistas internacionais na identidade do festival?
DC – A presença de artistas internacionais é um dos pilares da identidade do festival. Este festival existe, como o conhecemos, por trazer aos palcos de Lisboa e promover esse encontro, dos artistas internacionais e dos artistas locais, ou que trabalham a partir de Portugal. Trazermos artistas internacionais serve para podermos abrir horizontes ou cruzar práticas entre pessoas de diferentes proveniências, contextos, e sensibilidades, e perceber o que nos pode enriquecer enquanto pessoas, comunidade artística, e sociedade.
Existe vontade de levar o Alkantara a outras cidades do país, ou manter-se-á exclusivamente em Lisboa?
CNS – O Alkantara é um festival de Lisboa.