Um lugar para a sustentabilidade e ecologia

Casa do Jardim da Estrela - Um Teatro em Cada Bairro é inaugurada a 24 de setembro

Um lugar para a sustentabilidade e ecologia

Depois de meses de um intenso debate com as comunidades locais, a Câmara Municipal de Lisboa entrega à cidade um novo espaço de cultura. A Casa do Jardim da Estrela, integrada na rede Um Teatro em Cada Bairro, tem como objetivo central a partilha de conhecimento para a sensibilização ambiental e a literacia climática.

A expansão da linha amarela do Metropolitano até ao Cais do Sodré, passando pelas freguesias de Campo de Ourique e da Estrela, prepara-se para conferir uma nova centralidade ao Jardim Guerra Junqueiro, comummente conhecido como Jardim da Estrela. No coração deste magnífico espaço verde de Lisboa, reabilitando o velho chalet construído em 1882 – outrora o primeiro jardim de infância do país -, nasce, este mês, um novo espaço para a cultura: a Casa do Jardim da Estrela – Um Teatro em Cada Bairro.

O novo equipamento pretende dedicar-se às questões do ambiente e da sustentabilidade, integrando, paralelamente à programação cultural, uma biblioteca especializada, e por isso mesmo distinta das bibliotecas generalistas vizinhas (a Biblioteca-Quiosque Jardim da Estrela e a Biblioteca/ Espaço Cultural Cinema Europa, em Campo de Ourique).

Contudo, como nos conta a coordenadora do espaço Vanessa Albino, a biblioteca da Casa do Jardim da Estrela terá a particularidade inédita “de vir a integrar uma secção inteiramente dedicada à literatura de ficção relacionada com estas temáticas”. Ao encontro da ficção que possa abordar problemáticas como a das alterações climáticas ou do aquecimento global, “prevê-se abrir todo um conjunto de linhas programáticas, dos clubes de leitura aos ciclos de performances e debates.”

No interior da Casa vai estar patente a exposição O Jardim da Estrela na evolução do espaço público de Lisboa.

 

Outra das novidades previstas para a Casa do Jardim da Estrela – Um Teatro em Cada Bairro é a instalação de uma xiloteca. “Tal como as bibliotecas reúnem livros, as xilotecas preservam e catalogam os diversos tipos de madeiras, sendo um tipo de ‘biblioteca’ que colhe muito interesse entre arquitetos e designers”, explica Vanessa Albino, lembrando que esta é uma valência rara, mesmo a nível nacional. Simultaneamente, é uma homenagem ao malogrado José Pinho que, enquanto diretor do Festival 5L, teve a ideia de dotar uma das bibliotecas municipais de uma coleção deste tipo. 

Uma ponte entre o ambiente e a cultura

Integrando muitas das ideias lançadas e discutidas junto das comunidades locais, tendo sido essencial o papel desempenhado pela Junta de Freguesia da Estrela junto da população e parceiros locais, a Casa do Jardim da Estrela propõe também “estabelecer uma ponte entre as áreas do ambiente e espaços verdes e a cultura”. Aliás, é da responsabilidade da Direção Municipal de Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia a exposição inaugural O Jardim da Estrela na evolução do espaço público de Lisboa. A mostra procura desvendar a história do jardim, “desde a sua génese aos nossos dias”, destacando alguns segredos sobre o famoso coreto.

Antecedendo a inauguração oficial, agendada para as 15h30 do próximo domingo, a Casa do Jardim da Estrela – Um Teatro em Cada Bairro promove, já a partir de dia 21, um recital de poesia e música (Eis quando me ensinou a voz do vento, no coreto, às 18h30). Nos dias seguintes, à mesma hora e no mesmo local, a banda Mauger embala-nos ao ritmo da bossa nova, do jazz e da pop (dia 22), e os músicos do Hot Clube de Portugal ao ritmo dos standards.

Na programação de domingo, destaca-se uma oficina sobre a importância vital das abelhas nos ecossistemas (10h), um concerto pelo jardim da Farra Fanfarra (a partir das 14h) e uma performance com o coreógrafo e bailarino Pedro Ramos, da Ordem do Ó (às 15h15), antecedendo a inauguração oficial. A fechar o dia, numa parceria com a associação cultural Filho Único, os sons de São Tomé vão fazer escutar-se pelo jardim num concerto repleto de alegria com a Banda Leguelá.

A Casa vai ser cenário regular de oficinas, leituras, conversas e performances abertas a todos os públicos.

 

Na sua reabilitação e conversão, a agora Casa do Jardim da Estrela respeitou o projeto original do arquiteto José Luiz Monteiro (1848-1942), que por sua vez respondia às conceções inscritas no sistema de educação concebido pelo pedagogo alemão Friedrich Froebel. O edifício, que foi conhecido como Lactário e Creche do Jardim da Estrela, continua a privilegiar a relação direta com o meio envolvente, ou seja, o espaço do jardim.

Por esta razão, o novo equipamento cultural da cidade prefigura-se como um espaço ideal para realizar atividades e iniciativas que promovam a sensibilização e a consciencialização em torno das diferentes questões relacionadas com o ambiente, nas quais se incluem, por exemplo, a sensibilização para a perda da biodiversidade ou as diferentes perspetivas inerentes aos conceitos de sustentabilidade ambiental e literacia climática.