ciência
Chegou a ‘Hora’ de desligar. Pelo planeta!
O mundo unido pela sustentabilidade na "Hora do Planeta"
A Hora do Planeta, iniciativa conhecida pelo icónico apagão a nível mundial de luzes de casas e de monumentos, assinala-se no próximo dia 23 em mais de 190 países. Em Portugal, este alerta para a problemática das alterações climáticas envolve as autarquias, incentivando-as a fazer parte da mudança. Em Lisboa, a festa oficial acontece no Mercado de Alvalade, a partir das 16 horas, com um arraial e a pintura de um mural.
A Hora do Planeta é um evento histórico que surgiu em Sidney, na Austrália, em 2007, ao qual Portugal se juntou logo em 2008 e que, este ano, se assinala a 23 de março, entre as oito e meia e as nove e meia da noite (hora local). A iniciativa é promovida pela Associação Natureza Portugal (ANP) em associação com a WWF, e é reconhecida pelo desligar de luzes e de aparelhos eletrónicos não essenciais como incentivo a agir por um planeta mais sustentável.
“O apagão simbólico surgiu precisamente para as pessoas pensarem na pressão que exercem sobre os recursos naturais do planeta e o principal objetivo era dar uma hora ao planeta para ele se regenerar”, explica Ângela Morgado, presidente da ANP/WWF. Desde 2008 que o momento se assinala em Lisboa, “não só por ser a capital, mas porque foi a primeira cidade que disse logo que sim à Hora do Planeta”, acrescenta.
Este ano, o formato escolhido pela organização para a celebração na capital foi um arraial. Com o apoio da Junta de Freguesia de Alvalade e da Câmara Municipal de Lisboa (CML), que pela primeira vez coorganiza este evento, o programa vai contar com diversas ações para todas as idades. Há animação permanente, com música e dança, mais de 20 oficinas de sustentabilidade, jogos e leitura de contos, ioga e um concerto semiacústico e intimista de Selma Uamusse.
Um dos pontos altos da programação de 2024 é a pintura coletiva de um mural. Da autoria dos artistas urbanos Edis One e Pariz One, esta obra contará também com a participação da comunidade. Edis One é um dos embaixadores da ANP/WWF e utiliza a arte urbana para sensibilizar para as espécies e habitats que estão em vias de extinção. “Este ano lançaram-me o desafio de criar uma coisa grande e com grande visibilidade, e desafiaram-me, também, a convidar um artista para dividir esse mural comigo. Para mim não faria sentido convidar outro senão o Pariz One, um artista que já trabalha comigo há 13 anos e com quem já dividi murais por todo o mundo”, adianta Edis One.
“O mural tenta retratar uma mensagem familiar; podem ser dois irmão, dois primos, o que seja. São família. E essa família está a interrogar-se qual será o futuro da casa deles. A casa, neste caso, é o nosso planeta. A mensagem que queremos passar é que devemos tratar do planeta como se fosse a nossa própria casa. Casa esta que, por norma, nós defendemos”, sublinha Pariz One, acrescentando: “A escolha dos dois adolescentes não foi ao acaso. Eles são o presente; são o nosso futuro. Porque as gerações passadas já fizeram o que tinham a fazer. Agora é dar um bocadinho de continuidade e tentar mudar as mentalidades, e a verdade é que a força da mudança está nestes jovens”, conclui.
Apesar de a CML ter sempre sido parceira da iniciativa, este é o primeiro ano em que coorganiza o evento, estando mais presente nas ações do programa. “Lisboa envolveu-se neste projeto para mostrar o que tem feito em relação às questões climáticas, porque esta é, de facto, uma grande preocupação. Os problemas relacionados com as alterações já estão a acontecer aqui na cidade, com grandes impactos”, diz Maria João Telhado, diretora do Departamento de Ambiente, Energia e Alterações Climáticas.
Sobre a escolha do local das ações, Maria João Telhado explica: “A escolha recaiu sobre Alvalade por estarmos a trabalhar para que este seja um bairro neutro em carbono, o que envolve uma intervenção em termos de reduções de consumos, eficiência ao nível da água, da energia, a utilização de soluções de base natural, soluções de base natural associadas à alimentação saudável, e, daí, o mercado de Alvalade.”
Este ano, há ainda uma outra novidade: cada pessoa pode registar o tempo devolvido à natureza durante todo o dia 23 e as respetivas ações efetuadas numa plataforma que está disponível no site da Hora do Planeta até ao dia seguinte, denominada Banco de Horas. Além de contabilizar as horas doadas pelos cidadãos de todo o mundo, esta página disponibiliza ainda múltiplas sugestões de atividades amigas do ambiente, nomeadamente para realizar durante o apagão, que este ano será diferente: em vez de ser um apagão num monumento, será um apagão na iluminação pública, nas vias da cidade e dentro do Mercado de Alvalade, que será feito a partir de um simbólico interruptor gigante e que está agendado para as 20 e 30 de sábado.