Oásis em Lisboa

Cinco locais para usufruir de cultura e lazer num ambiente sereno

Oásis em Lisboa

Junho traz o início do verão e os dias mais longos e, em Lisboa, é mês sinónimo de festas e animação. Porém, para quem quer fugir das multidões e usufruir de cultura com serenidade, propomos cinco locais que são verdadeiros oásis no meio da cidade.

Encontrar um local tranquilo, onde seja possível ver uma exposição, assistir a um concerto ou a uma palestra, ou simplesmente ler um livro, pode não ser tarefa fácil em mês de Festas de Lisboa. Mas, eis algumas sugestões.

©José Vicente 

Goethe-Institut

O antigo Palácio Valmor, construído no século XVIII, foi, além de residência de família até ao início do século XX, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e, a partir de 1964, Embaixada da antiga República Federal Alemã. Hoje é a casa do Goethe-Institut.

Situado no Campo Mártires da Pátria, o belíssimo palácio é palco de atividades culturais variadas: concertos, sessões de cinema e literárias, debates e workshops. O jardim, com plantas originárias da Ásia, África e América do Sul, misturadas com vegetação autóctone, constitui um verdadeiro oásis no centro da cidade, onde se pode usufruir de uma esplanada que serve especialidades alemãs.

Outro espaço a destacar é a biblioteca, sítio ideal para ler, estudar ou trabalhar e onde se encontra um pequeno jardim de leitura (separado do jardim principal).

O jardim acolhe, em junho, o Mediacon (28 e 29 junho), festival organizado por meios de comunicação alternativos e independentes portugueses que aborda questões ligadas ao panorama mediático. Da restante programação destacam-se ainda os Encontros com “Galileu” de Brecht (a 7 e14 junho).

©Jorge Maio

Palácio Fronteira

Localizado numa antiga Quinta de Recreio, o Palácio Fronteira é um dos mais belos monumentos lisboetas do século XVII. O edifício, hoje Monumento Nacional que funciona como museu, mantém a traça muito próxima do seu desenho original, preservando a maior coleção de azulejos da época conservada no local para a qual foi concebida.

Tendo a particularidade de continuar a ser habitado pelos descendentes de Dom João de Mascarenhas, o primeiro Marquês de Fronteira, o espaço é visitável, permitindo o passeio livre nos magníficos jardins (podem solicitar-se áudio e videoguias) e visitas guiadas ao interior. Realizam-se também passeios temáticos dedicados aos azulejos e às figuras literárias que habitaram o palácio.

O local, um espaço único para fugir do bulício do centro de Lisboa, apresenta ainda uma programação cultural regular que inclui concertos, exposições e visitas encenadas. Destacam-se em junho o concerto organizado e transmitido a partir do Palácio Fronteira pela Antena 2 (27 junho) e as visitas encenadas dirigidas a famílias.

©Ana Luísa Alvim/CML

Biblioteca de Alcântara | Palacete do Conde de Burnay

O Palacete do Conde de Burnay, construído em finais do século XIX, abriu desde cedo portas à comunidade passando a albergar, na década de 1930, a Escola Comercial Ferreira Borges. O edifício foi posteriormente reabilitado e transformado na Biblioteca de Alcântara.

A biblioteca mantém uma estreita relação com a freguesia onde está inserida e os seus habitantes, e mesmo antes de inaugurar já tinha um grupo de teatro comunitário. Está, no entanto, aberta a todos, oferecendo ao público que a visita salas de leitura e multiusos, galeria de exposições e um jardim que convida à descontração e serenidade.

Todos os meses o espaço é palco de diversos eventos culturais, acolhendo regularmente ciclos de cinema, conversas, exposições, teatro e um coro para adultos e outro infantojuvenil, e o projeto Histórias e Memórias de Alcântara.

Em junho estão programadas, entre outras atividades, o Filme do Mês (sessão a 22 de junho), em parceria com a Zero em Comportamento, e Conversas sobre Inteligência Artificial (dia 15).

©Humberto Mouco/CML-ACL

Brotéria

Em pleno Bairro Alto, numa das zonas mais animadas de Lisboa, está localizada a Brotéria, uma casa com história, construída no século XVI. O palácio, antiga habitação dos Condes de Tomar, foi sede do Royal British Club e Hemeroteca Municipal de Lisboa. Desde 2020 alberga a Comunidade Brotéria, da Companhia de Jesus, um centro cultural jesuíta, que teve como ponto de partida a revista Brotéria, criada há 120 anos.

O espaço, que permite fugir à confusão exterior, inclui a biblioteca, particularmente valiosa no campo da Teologia, Filosofia, Literatura e História, que reúne várias salas de leitura, ideais para estudar ou trabalhar; o café, com um simpático e silencioso pátio, local de encontro que convida ao descanso; a livraria Snob, projeto editorial próprio e com experiência considerável no mercado do alfarrábio e do livro em segunda mão e uma galeria que acolhe exposições.

Do programa de junho destacam-se a última sessão do seminário Pensar a Educação, intitulada J.R.R. Tolkien: o objetivo da vida (dia 4), a conversa e a visita à biblioteca Marcas de posse e encadernações notáveis na Biblioteca da Brotéria (5 de junho) e a visita guiada ao palácio (dia 29).

Biblioteca Palácio Galveias

Instalada no edifício que foi, em tempos, a casa da família Távora encontra-se a Biblioteca Palácio Galveias. O palácio, adquirido pelo município em 1928, foi transformado em Arquivo, Biblioteca e Museu Municipal. Situada junto ao Campo Pequeno, numa das mais movimentadas artérias da cidade, a biblioteca, onde o Prémio Nobel da Literatura José Saramago, afirmou ter “aprendido realmente a ler”, é hoje o epicentro de uma atividade cultural regular.

Clubes de leitura, conversas, palestras, concertos, exposições e cinema são algumas das atividades desenvolvidas neste espaço inspirador e tranquilo. O amplo jardim é um refúgio que promove a leitura ao ar livre e momentos de tranquilidade. No quiosque que serve de cafetaria pode também fazer-se uma pausa para refeições ligeiras.

Da programação de junho são de salientar a conversa Escrita em Dia, com Layla Martínez, autora espanhola que lançou este ano, em Portugal, o seu primeiro romance (dia 17), o evento Guitarras do Grácio & Convidados, que divulga a vida e a obra do mestre construtor de guitarras Gilberto Grácio (dia 21) e a peça teatral para crianças O Gigante Egoísta, a partir de Oscar Wilde (dia 30).