Os dias de Stela

As sugestões da atriz para esta semana

Os dias de Stela

A poucos dias de voltar a vestir a pele de Inês Pereira na versão de Pedro Penim do clássico de Gil Vicente, Stela já definiu a sua agenda cultural para esta semana, entre o Bairro Alto e Belém, passando por uma festa às portas de Lisboa. A banda sonora destes dias fica a cargo de Malva que tem novo álbum.

Na sua segunda colaboração com o dramaturgo e encenador Pedro Penim, depois de em 2021 ter integrado o elenco de Pais & Filhos, Stela assume o papel da protagonista em A Farsa de Inês Pereira. Esta produção do Teatro Nacional D. Maria II, na estrada desde outubro de 2023, oferece uma visão contemporânea da peça vicentina escrita em 1523, transformando Inês Pereira numa “adolescente bastante raivosa ou, como se diz no texto, numa baddie“. Um desafio acrescido para Stela – “eu não sou nada assim”, pelo que “tive de me inspirar noutras pessoas para torná-la minha e conseguir interpretá-la”. À construção desta Inês Pereira punk e algo destrutiva, Stela debateu-se ainda com “um texto muito palavroso e em verso”, o que representou “um desafio teatral” acrescido para a intérprete. A partir de 12 de fevereiro, este “olhar cáustico sobre alguns alicerces da sociedade contemporânea, como o trabalho, a sexualidade e a célula familiar”, chega a Lisboa, ao Teatro Variedades, e em cena, ao lado de Stela, vão estar, entre outros, Rita Blanco e Hugo van der Ding.

Intimidades em fuga. Em torno de Nan Goldin

MAC/CCB

Até 31 de agosto

A partir da obra da fotógrafa norte-americana de origem judaíca Nan Goldin, o MAC/CCB, em Belém, apresenta aquela que é uma das exposições do ano em Lisboa. Goldin destacou-se pelo seu trabalho em torno da intimidade, sublinhando em parte considerável do seu trabalho os corpos LGBT e o drama do HIV. A mostra parte de The Ballad of Sexual Dependency e reúne outras 65 peças de 36 artistas diferentes, num diálogo que recorre à obra de Goldin para gerar outras fugas e explorar temas variados ligados à intimidade, com enfase no trabalho de artistas femininas que desafiaram normas patriarcais. Segundo Stela, “é importantíssimo ver a obra de Goldin e conhecê-la pela importância que tem na arte e na fotografia.”

Isto não é uma aula – referências LGBT na literatura portuguesa

Casa do Comum

5 de fevereiro, às 19h

Segunda conversa de um ciclo de 11 que a Casa do Comum, no Bairro Alto, promove com a Livraria Aberta. O mote é dado pela leitura de um ou mais textos da literatura portuguesa, escritos entre o século XIX e a atualidade, que, sublinham os organizadores, “estava mesmo a pedir uma releitura queer“. A conversa é dinamizada por Paulo Brás, e para além da pertinência desta iniciativa, Stela destaca a Casa do Comum como um espaço que vale sempre a pena visitar por ser “um sítio muito dinâmico, onde há sempre coisas novas a acontecerem.”

Festa CURVS#12

Planeta Manas (Prior Velho)

8 de fevereiro, a partir das OOh

Às portas de Lisboa, no Prior Velho, surgiu em 2021 um espaço cultural colaborativo entre a Associação Cultural Mina e a Rádio Quântica. “Frequento bastante o Planeta Manas pela sua relevância cultural, sobretudo pelo foco na música eletrónica, e por ser ao mesmo tempo um espaço de resistência queer“, explica Stela. Pelo seu caráter inclusivo, tornou-se “um dos maiores safe space de Lisboa para pessoas queer saírem à noite”. No próximo sábado, noite dentro, acontece a celebração de “dois anos de resistência e abundância” com a CURVS#12, ao som de GAYANCE e DJ Caring. “É uma rave, uma festa de tecno e underground, onde as pessoas queer podem expressar de uma forma mais efetiva e criativa as suas identidades.”

poros

Malva

Disponível em Spotify, Apple Music e outras plataformas

Carolina Viana, mais conhecida por Malva, música e compositora natural de Viana do Castelo, tem novo disco. O sucessor de vens ou ficas chama-se poros e é já a banda sonora de Stela por estes dias. “Para além de minha amiga, a Carolina é um talento que escreve de uma forma muito profunda e poética. Este álbum, saído há poucos dias, é muito bonito e tem uma canção, manada, escrita durante uma residência de duas semanas que fizemos na minha aldeia natal, Miranda, em Arcos de Valdevez, e que deu origem a um espetáculo que lá apresentámos”, conta. poros é o segundo registo de Malva e conta com participações especiais de Mimi Froes, Miguel Marôco, Luís Duarte Moreira, Bia Maria e Francisco Fontes.