agenda
Os dias de Mia Tomé
A agenda cultural da atriz e cantora para esta semana
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Com um novo disco lançado no mês passado e vários concertos marcados, Mia Tomé partilha as suas sugestões culturais para esta semana: um filme, duas peças de teatro, uma exposição e um novo single.
Há um herbário no deserto marca a estreia de Mia Tomé nos discos. Neste novo projeto, a atriz canta e declama – em português e inglês – a poesia da autora americana Emily Dickinson. A sua paixão pelo Arizona (onde gravou o disco) está bem patente na sonoridade folk e pop do álbum, que conta “várias histórias ao ouvido que comemoram a poesia no feminino”. Há um herbário no deserto celebra a Natureza (tão evocada na obra de Dickinson), explorando a sonoplastia do deserto do Arizona na altura da sua gravação, “com o som dos coiotes, o vento, as tempestades entre terras vermelhas, montanhas e desfiladeiros”. Em Lisboa, podemos vê-la a apresentar o disco na Estufa Fria a 23 de fevereiro, e ainda dia 28, numa sessão intimista na Livraria Buchollz que conta com uma escuta em vinil do álbum e uma conversa moderada por Isabel Lucas. Brevemente, a artista levará o projeto à Polónia no âmbito do programa Culture Moves Europe.
Casablanca – inserido no ciclo Teremos Sempre Michael Curtiz (Parte I)
17 de fevereiro, às 16h30
Cinemateca Portuguesa
“Estive no Arizona várias vezes. Na primeira, fiz uma pesquisa onde pude conversar com uma série de mulheres artistas. Uma delas foi a Victoria Lucas – uma mulher inspiradora e neta de Michael Curtiz. Casablanca é um grande filme que merece ser visto em tela e vai ser projetado na Cinemateca no dia 17”, conta Mia. Inserido no ciclo Teremos Sempre Michael Curtiz (Parte I), este clássico do cinema tem Humphrey Bogart e Ingrid Bergman como protagonistas. Passado durante a Segunda Guerra Mundial, acompanha a história de um americano que reencontra um antigo amor em Marrocos, na cidade de Casablanca.
No Yogurt for the dead , escrito e encenado por Tiago Rodrigues
19 a 23 fevereiro
Culturgest
“Adoro o trabalho do Tiago Rodrigues, acompanho-o desde sempre. Quando estava no segundo ano do Conservatório sentia-me cansada do teatro que andava a ver, não era aquilo que me via a fazer. Depois vi um espetáculo dele chamado Bovary, a partir do romance de Gustave Flaubert, que mudou a minha vida para sempre”, confessa. No Yogurt for the dead foi escrito por Tiago Rodrigues a partir das últimas semanas de vida do seu pai. Trata-se de uma peça sobre uma voluntária que acompanha os últimos dias de um homem prestes a morrer, ajudando a combater a solidão da doença. “Ir ao teatro ver [uma peça de] Tiago Rodrigues é sempre uma inspiração. Ele é genial e arriscar-me-ia a dizer que é o melhor no que faz”, sublinha a atriz.
1984 de George Orwell, adaptação de Robert Icke e Duncan Macmillan
21 a 24 fevereiro
Centro Cultural de Belém
“Os Artistas Unidos são uma companhia muito importante para mim porque foi lá que fiz os primeiros trabalhos profissionais de teatro, ainda estava no Conservatório”, conta. Com encenação de Pedro Carraca, o CCB recebe a versão cénica do clássico de George Orwell numa adaptação dos dramaturgos britânicos Robert Icke e Duncan Macmillan. 1984 retrata um futuro sombrio onde a liberdade individual é suprimida e a verdade é distorcida por um governo autoritário. “Dou esta sugestão não só porque eles fazem um bom trabalho em cena, mas porque é importante falarmos deles. Merecem muito mais atenção do que a que estão a ter”, acrescenta a artista.
Exposição And Your Flesh Becomes a Poem, Tamara Alves
Até 8 de março
Galeria Underdogs
Tamara Alves regressa à Underdogs com And your Flesh Becomes a Poem, uma exposição que inclui desenhos, aguarelas, esculturas e dípticos, em materiais tão diversos como a resina e a madeira, que evocam ausência, silêncio e tensão. São 27 novas obras que abordam temas como a vitalidade instintiva, o amor e as forças selvagens que moldam a experiência humana. “A Tamara Alves é incrível e o título da exposição é brilhante. Ela é uma artista visual, mas a poesia está em muitos sítios. Relaciono-me muito com este trabalho que faço à volta dos poemas e ela consegue transformar esse lado feroz e encontrar aí poesia”, afirma a atriz.
Only Light de Ray
“O Ray também tem presente o universo do folk norte americano e escreve muito bem”, diz. Membro dos The Poppers e dos Keep Razors Sharp, o músico prepara-se para lançar o seu próximo álbum, Buffalo. A primeira amostra deste novo trabalho é a canção Only Light, que conta com produção de Paulo Furtado (mais conhecido por The Legendary Tigerman). “Este tema é só guitarra e voz e é muito bonito. É uma carta de amor – não necessariamente romântico”. Na verdade, trata-se de uma declaração de amor ao filho de Ray e uma canção que tocou particularmente Mia Tomé. “Gosto muito desta letra – as letras são poemas, não é?”