sugestão
Livros infantis para um mundo mais tolerante
Cinco sugestões para a biblioteca dos mais novos
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Respeito, aceitação, inclusão, solidariedade, diálogo – é disso que falam estes livros, chegados recentemente às livrarias e pensados para os leitores mais novos. Para que, um dia, se tornem adultos mais empáticos e tolerantes.
A nossa árvore
Jessica Meserve
Minutos de Leitura
Pode uma árvore e todos os seus ramos e folhas ser de um animal só? Neste livro, o esquilo Vermelhito há de descobrir que não. Por muito que queira a árvore só para si (e ele bem tenta enxotar todos dali para fora), vai perceber como é muito melhor se a partilhar com minhocas, andorinhas, insetos vários, sapos, camaleões e até elefantes. Unidos, vão compreender como a partilha de um espaço traz muitas coisas boas e como, mesmo sendo diferentes uns dos outros, se conseguem entender. Uma história, delicadamente ilustrada, sobre a capacidade de partilha e de como “a vida é bem melhor quando estamos juntos”.
Troll
Frances Stickley e Stefano Martinuz
Porto Editora
Podia estar atrás de um ecrã de computador, mas, nesta história, o Troll vive debaixo de uma ponte e é dali, bem escondido, que, de megafone na mão, grita insultos e ameaças a quem passa. Sem que ninguém o veja, vai ofendendo todos os animais. Até ao dia em que aparece um coelho surdo que, em vez de fugir, se aproxima do Troll e o olha de frente. Será assim tão divertido dizer coisas desagradáveis na cara de quem vem falar connosco? Será assim tão bom viver num buraco lamacento, sozinho e sem amigos? Um livro que, em rima, fala da importância de compreendermos o outro, de sermos empáticos e de como se formos mais tolerantes com os que nos rodeiam acabamos também por ser mais gentis connosco próprios.
O dinossauro da casa ao lado
David Litchfield
Fábula
Um livro delicioso sobre um dinossauro que faz bolos deliciosos. Para viver entre os humanos, que o adoram e adoram os seus bolos, vive disfarçado, de bigode, óculos e chapéu. De vez em quando visita o lugar de onde veio – um mundo encantado, cheio de dinossauros como ele, mas onde não se fazem bolos deliciosos. O que acontece quando, enfim, se descobre que o Sr. Wilson é um dinossauro? Uma história sobre a importância de acolher e aceitar quem vem de fora, sobre solidariedade entre diferentes, sobre a beleza de seguirmos os nossos sonhos e também sobre a liberdade de escolhermos onde viver – afinal, pertencemos aonde quisermos e não pode haver quem nos tire esse direito.
Sem desvios
Stéphanie Demasse-Pottier e Tom Haugomat
Orfeu Negro
Este é um livro carregado de sensibilidade, tanto no texto como nas ilustrações que jogam com sobreposições de duas tonalidades de azul e laranja quase fluorescente. Com frases curtas, conta-se a história de uma menina que todos os dias faz o mesmo caminho para a escola e se confronta com uma mãe sentada no chão da rua, com um bebé ao colo. Mesmo sem compreender as palavras difíceis dos adultos, que falam em “pobreza”, “injustiça”, “solidariedade” e “humanidade”, a menina sente desconforto e tristeza e uma vontade grande de dar àquela mãe aquilo de que nunca sentiu falta porque sempre teve como garantido. Pensando bem, mesmo que não possamos mudar o mundo, há sempre pequenos gestos que fazem a diferença. E acaba sempre por valer a pena olhar a realidade de frente, em vez de virar a cara ou fazer desvios no caminho.
Onde é que nós íamos?
Isabel Minhós Martins, Dina Mendonça e Madalena Matoso
Planeta Tangerina
As conversas são como um jogo de pingue-pongue ou, como se diz logo no início deste livro, “conversar é ir andando”. Onde é que nós íamos? explica-se no subtítulo: Sobre a importância e o prazer de conversar. Ao longo destas páginas, as autoras vão conversando com o leitor sobre o assunto, falando dessa satisfação (que é como a das cerejas da capa), sugerindo como fazê-lo cada vez melhor (sim, é possível e desejável), imaginando as infinitas maneiras e formas que assumem e também propondo atividades e experiências para as pôr em prática. Pelo caminho, fazem várias perguntas, para nos pôr a pensar e a conversar. E, já sabemos, “é a conversar que a gente se entende”, por isso, vale a pena fazê-lo com quem tem opiniões opostas às nossas, quando há nós que é preciso desatar, quando existem polarizações, quando já sabemos que serão conversas difíceis. Como se diz na contracapa, “conversar não resolve tudo, mas é fundamental para fazermos o caminho em conjunto”.