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Os dias de Gaya de Medeiros
As sugestões da bailarina e coreógrafa brasileira para esta semana

Um café dançado, inspirado no icónico Café Muller de Pina Bausch, será servido por Gaya de Medeiros na semana que se segue àquela em que a criadora brasileira recomenda espetáculos de Márcia Lança, de Inês Vaz e Pedro Baptista, e de Raquel Lima.
Entre 10 e 12 de abril, o palco principal da Culturgest dá a ver o modo como Gaya de Medeiros e colaboradores olham para o tempo presente, marcado por ansiedades geradas por conflitos que nos ultrapassam, por cenários de guerra tão distantes mas tão próximos, pela possibilidade de reconstruir lugares coletivos e íntimos ameaçados de extinção. A ideia de Cafezinho é refletir sobre o tempo e a finitude, e fazê-lo de olhos nos olhos – com os nossos e com os do mundo.
Dentro da cabeça
de 5 a 13 de abril
em cena no LU.CA – Teatro Luís de Camões
A primeira escolha da nossa convidada vai para o novo espetáculo de alguém que conhece bem: Márcia Lança. “Achei muito curioso, porque a Márcia mistura vários tipos de linguagem, e também é mãe. Traz sempre um pouco da realidade de ser mãe quando trabalhamos juntas. Imagino que tenha feito um estudo muito próximo das suas crianças para entender como alcançar, com a dança e com a performance, outras crianças e outras famílias.” Ainda sobre Márcia Lança, Gaya acrescenta que se trata de uma pessoa “muito inteligente e perspicaz na forma como coloca o discurso dela, por se tratar de uma artista mais híbrida.”
Auto das Anfitriãs
Até 13 de abril
em cena na Sala Estúdio Valentim de Barros (Jardins do Bombarda)
A segunda sugestão de Gaya recai na “adaptação de uma adaptação de uma adaptação, um mito, sobre o qual Camões também escreveu”. Do elenco desta peça fazem parte duas artistas com quem Gaya já colaborou: Cire Ndiaye, “uma artista muito disruptiva”, e Tita Maravilha, “outra artista trans que admiro imenso, com uma trajetória muito peculiar”. Espetáculo produzido pelo Teatro Nacional D. Maria II, Auto das Anfitriãs tem texto e encenação de Inês Vaz e Pedro Baptista, e insere-se nas comemorações dos 500 anos do nascimento de Camões.
Úlulu
de 3 a 5 de abril
Teatro do Bairro Alto
Raquel Lima, poeta, artista transdisciplinar e investigadora de estudos pós-coloniais, cujas pesquisas têm por foco “memória intergeracional, movimentos afro diaspóricos e práticas contemporâneas de escape, abstração e cura”, responde pela direção artística e criação da terceira proposta de Gaya. Úlulu, o nome para placenta em forro, a língua são-tomense, perspetiva, segundo a coreógrafa e bailarina, “uma abordagem pouco convencional, que gera um olhar e uma possibilidade de resignificar essas temáticas, que aponta para algum tipo de solução ou esperança”.