Massa Humana
O Baile
Uma multidão perdida, habita este lugar, ninguém sabe de onde vem, nem para onde vai. Gente disforme que rodopia de um lado para outro, empurrada, cruzando-se sem se ver. Rápido o comboio não espera! Ouvem-se gritos, palavras desconexas, cegueira e ódio. Tu para ali! Ninguém parece importar-se com ninguém, entrelaçam-se corpos num perpétuo movimento, lento, rápido, sem sossego. Vidas interrompidas, excluídas, abandonadas. Rápido o comboio não espera! Vidas retidas, deambulando, anémicas, entre partidas e chegadas, aguardando em silêncio, pedindo paz num grito mudo, não escutado, indiferente, ignorado. Um ruído crescente, aumentando a cada segundo e de repente, um silêncio total. Pequenos acontecimentos das nossas vidas, o esquecimento daquilo que nos rodeia, o sofrimento dos milhões de inocentes, as barbáries, a fome. Quando tudo está perdido restam as palavras, uma ínfima fração de sensibilidade, o pensar em voz alta dos desesperados, o quebrar do silêncio dos que ainda escutam, dos que ainda sentem, dos que se importam, dos bons.
Ficha técnica:
Manuel Coelho, direção; Alexandre Gil, Benilde Anjo, Clara Silva, Helena Osório, Luisa Pires, Mafalda Farinha, Rita Duarte, Paula Calhau e Tomas Coelho, interpretação.
Local: