Luís Rosa e Nuno Geada
Penélope
Apresentada pela primeira vez no salão do Teatro Thalia em 2018, esta instalação é composta por seis peças suspensas, às quais se acrescenta agora uma sétima.
A técnica utilizada em tecelagem manual pelo Luís Rosa incorpora no tecido materiais como arame e fio de nylon. Na figura central, a trama do tecido é modelada para permitir uma ideia de leveza que contrasta com a densidade da cinta em pasta de papel, da autoria de Nuno Geada.
A disposição apresentada procura encenar as tensões entre diferentes personagens do mito grego de Penélope, filha de Icário: Penélope era uma jovem tecedeira que aguardou muitos anos pelo regresso do seu marido, Ulisses (ou Odisseu), que partira para a guerra em Tróia. Durante esse tempo, continuamente pressionada pelo pai a um novo casamento de conveniência, Penélope apresentou como condição que primeiro pudesse acabar de tecer uma veste.
Icário aceitou e observava Penélope trabalhar com dedicação, mas o resultado permanecia continuamente inacabado e o novo casamento foi sendo adiado ao longo de anos, até à chegada de Ulisses.
Ardilosamente, Penélope conseguiu levar a cabo a sua espera porque o que tecia durante o dia, desmanchava durante a noite, para refazer no dia seguinte sem que o pai se apercebesse.
Revemos então nesta história uma metáfora do labor artístico que ritma o dia o dia das oficinas da AFID – o reaproveitamento dos matérias-primas, o foco no processo criativo e na obra como permanente metamorfose, o estímulo de uma prática quotidiana e paciente, os benefícios terapêuticos como objetivo fundamental e o potencial do arte como expressão de uma vontade inibida no contexto da deficiência, porto voz para uma sociedade mais consciente e inclusiva.
Segunda a sábado, das 10h às 17h (última entrada 16h30)
Local:
Museu Medeiros e Almeida
info@museumedeirosealmeida.pt
Entrada gratuita no 1.º sábado do mês das 10h às 13h