cinema
Indie ‘fora da caixa’
O lado menos convencional do IndieLisboa
O IndieLisboa está de regresso, de 23 de maio a 2 de junho, com o melhor do cinema independente contemporâneo, nacional e internacional. Para além das muitas sessões de cinema, o festival apresenta também uma programação inovadora, divertida e “fora da caixa”, para desafiar o público a celebrar o cinema com uma mente aberta. Susana Santos Rodrigues, da direção do festival, revela-nos o lado menos convencional do Indie.
Da já emblemática secção Boca do Inferno às sessões na piscina, o IndieLisboa continua a mostrar que um festival de cinema pode surpreender para além dos filmes.
Indie Date
A experiência de encontro às cegas (romântico ou não), que se realizou pela primeira vez no ano passado com boa adesão, está de regresso para juntar cinéfilos e “contrariar a tendência de que tudo se faz online”. A premissa é “promover o contacto direto entre as pessoas que, ao terem uma companhia para assistir ao filme, podem depois conversar e partilhar ideias pessoalmente”, afirma Susana Santos Rodrigues, enfatizando que se procura “tentar que a vivência física numa sala de cinema não seja esquecida.”
A participação neste Indie Date pressupõe a compra de um bilhete para assistir ao mais recente filme de Andrew Haigh, All of us Strangers, com Andrew Scott e Paul Mescal, numa exibição única em sala em Portugal. Os candidatos ao Indie Date são convidados a responder a um questionário, através do qual o “departamento de compatibilidade” do festival identifica as afinidades entre os inscritos, medindo as sintonias de forma a criar os melhores matches para que o final seja feliz.
Cinema na Piscina
A Piscina da Penha de França transforma-se numa sala de cinema flutuante, à semelhança do que aconteceu em 2023. A primeira edição da iniciativa teve grande participação e, este ano, repete-se com um programa de curtas-metragens para famílias e, pela primeira vez, duas longas para adultos.
Todas as obras programadas têm como premissa o elemento água na sua temática. Susana Santos Rodrigues destaca as sessões da noite onde são exibidos dois filmes clássicos: Palombella Rossa, uma sátira política, realizada e interpretada por Nanni Moretti, sobre um líder comunista amnésico que é também jogador de polo aquático; e Piranha, paródia de culto realizada por Joe Dante, onde piranhas geneticamente alteradas e mortíferas aterrorizam uma estância de verão banhada por um belíssimo lago.
Maratona Boca do Inferno
A secção mais arrojada do festival, Boca do Inferno, onde terror, sarcasmo e adrenalina se misturam, traz uma novidade: uma sessão maratona que começa às 23 horas de 31 de maio e termina às seis da manhã do dia seguinte. Para a programadora, esta maratona “é uma tentativa de criar um espírito de partilha cinéfila comunitária.”
O público mais audacioso é convidado a passar a madrugada no Cinema Ideal e assistir a um programa que inclui curtas e longas-metragens. Entre elas, destacam-se Late Night with the Devil, de Cameron Cairnes e Colin Cairnes, que revela uma gravação perdida de um episódio de Halloween, de um talkshow de 1977, onde as entrevistadas são uma parapsicóloga e uma rapariga que aparenta ser a única sobrevivente de um suicídio em massa de uma igreja satânica; e Cobweb, do coreano Jee-Woon Kim, uma comédia sobre um realizador que resolve aprisionar os críticos do seu filme até conseguir uma obra-prima.
7 filmes “fora da caixa” + 2 filmes surpresa
Da vasta programação e a pedido da Agenda Cultural de Lisboa, Susana Santos Rodrigues sugere ainda sete filmes a não perder.
Um deles, na sessão de abertura: I’m Not Everything I Want to be, um retrato da fotógrafa Libuše Jarcovjáková, apelidada de “Nan Goldin da Checoslováquia”, uma figura pouco convencional que juntamente com a realizadora Klára Tasovská vêm a Lisboa para apresentar o documentário. Outro é o filme de encerramento: Dream Scenario, do realizador Kristoffer Borgli, autor de um dos filmes sensação da edição passada, Farta de Mim Mesma, com Nicholas Cage a interpretar um insignificante professor de biologia que, subitamente, se torna famoso por aparecer nos sonhos de muita gente.
No Other Land, realizado por um coletivo palestiniano, sobre a destruição que Israel causa na tentativa de ir ocupando maiores faixas de terreno; A Fidai Film, de Kamal Aljafari, que se rebela contra o roubo de memórias de um país, a Palestina; Rotting In The Sun, de Sebastián Silva, filme de enorme sarcasmo, mas que não deixa por isso de ter momentos incrivelmente comoventes; The Afterlight, de Charlie Shackleton, onde atores de todo o mundo, já mortos, voltam à vida criando um elenco de anjos e fantasmas; La Chimera, de Alice Rohrwacher, que segue um arqueólogo em busca de tesouros antigos e desejos impossíveis; The Feeling That The Time For Doing Something Has Passed, de Joanna Arnow, que realiza, protagoniza, escreve e edita a sua primeira longa-metragem, um mosaico cómico de experiências e por fim, In Restless Dreams: The Music of Paul Simon, de Alex Gibney, sobre o músico e compositor, Paul Simon, completam a lista de recomendações.
Pela primeira vez, estão também programados dois filmes surpresa, a serem exibidos no último fim-de-semana do festival e sobre os quais só haverá informação perto da data de exibição. Dois segredos bem guardados para desafiar os mais curiosos.
Tricot no Festival
Susana Santos Rodrigues destaca ainda um momento improvável de Tricot no Festival que tem como ponto de partida a exibição do filme Entre Rochas e Nuvens, de Franco García Becerra. “Esta belíssima longa-metragem que tem lugar no Peru conta a história de um menino de oito anos, amante da família, de futebol e da natureza, que é pastor de alpacas”. Paralelamente à exibição do filme, o Indie convidou um clube de tricot local, interessados e entusiastas do trabalho com fios, para ensinarem espectadores de todas as idades a tricotar, com agulhas ou com os dedos.
A restante programação do festival e mais pormenores sobre estas sugestões estão disponíveis aqui.