Yerma
Federico Garcia Lorca/ Alexandre Païta
“Toda a mulher tem sangue para quatro ou cinco filhos, e quando não tem transforma-se em veneno. É isso que vai acontecer comigo.” Inspirado numa peregrinação andaluza onde afluem mulheres estéreis, Yerma representa um drama humano: a frustração, a solidão, os ciúmes, o desencanto e as convenções sociais levam a personagem principal a cometer o irreparável para finalmente conquistar a liberdade. Situada entre as ´Bodas de Sangue` e ´A Casa de Bernarda Alba`, Yerma é transportada pela bela escrita metafórica de Federico García Lorca que compõe uma tragédia de frustração, misturando lírico e barroco. Toda a peça gira em torno da fertilidade: nesta primeira metade do século XX, como em todos os séculos que a precederam, a mulher é antes de mais nada um útero: “Nós, mulheres, só temos uma coisa a fazer: filhos e cuidar deles.” No entanto, o marido de Yerma, Juan, abandona a esposa enquanto ela sonha em ter um filho. Toda a vida da aldeia, toda a vida social, gira em torno da maternidade. “Além disso, nesta Andaluzia tão fortemente marcada pelo Islão e pelo catolicismo estrito, ter filhos é o sinal da eleição de Deus e a manifestação da sua bênção” (escreve Albert Bensoussan, tradutor da peça e autor do dispositivo crítico).
A frustração desenvolvida por Yerma, a vergonha que sofre e o desejo carnal que sente por outro aldeão levam-na ao assassinato do marido.
Ficha técnica:
Federico Garcia Lorca, texto; Alexandre Païta, encenação; Sonia Vieira Cardoso, Pat Lagadji, Youri Hanne, Daniela Sepulveda, Jean – Baptiste Blondel, Stephanie Monastesse, Marie- Camille Courvoisier, Mileine Homsy, Antoine Bottiroli e Maé Mottaz, interpretação.
6 € a 10 €
Local: