Sem Flores Nem Coroas
Orlando da Costa/ Fernanda Lapa
Primeira (e rara) incursão do romancista e poeta Orlando da Costa (1929-2006) na escrita para teatro, Sem Flores Nem Coroas é o retrato de uma família brâmane e católica goesa pouco antes e durante a fulminante invasão de Goa, em 1961, pelas tropas da União Indiana (a queda da chamada “India Portuguesa”, que para além de Goa era constituídas pelos enclaves de Damão e Diu, fez-se numas breves 36 horas).
Através do ato militar que significaria o início do fim do império colonial português, o autor, com o seu apurado humanismo, transporta a realidade local da experiência humana que tão bem conhecia (embora nascido em Moçambique, era descendente de uma família goesa, e naquele território passou a infância e a adolescência) “para o plano superior de uma experiência universal”, como apontou Rui de Azevedo Teixeira num dos seus estudos sobre o romance português e o Portugal colonial.
Através de personagens de gerações diferentes, Orlando da Costa explora a sobreposição dos valores e os sentimentos contraditórios vividos por uma família a testemunhar o fim de um tempo. Pela inquestionável qualidade da obra e pelo seu incompreensível desconhecimento pela esmagadora parte do público, Fernanda Lapa leva-a, em boa hora, ao palco, sublinhando-a como um objeto essencial do “património e memória da nossa identidade cultural e política.” FB
Récita com audiodescrição e língua gestual portuguesa: 19 janeiro, domingo, às 17h30
Ficha técnica:
Escola de Mulheres/ SLTM. Orlando da Costa, texto; Fernanda Lapa, encenação; Elsa Galvão, João Grosso, Margarida Marinho, Carolina Amaral, Pedro Russo e outros, interpretação.
12 € a 15 €
Local: