Uma alegoria da Arte Contemporânea

por José B. Miranda

artes, ciências
29 março 2025
sáb: 15h30
MAC/CCB
Uma alegoria da Arte Contemporânea

Paradoxalmente uma crise difusa atravessa a ideia de arte contemporânea, enquanto as obras de arte se multiplicam e disseminam. Num momento de viragem, em 1970, Adorno afirma que se tornou manifesto que tudo o que diz respeito à arte deixou de ser evidente, tanto em si mesma como na sua relação com o todo, e até mesmo o seu direito à existência.

As diversas estéticas que procuraram pensá-la foram falhando sucessivamente, acima de tudo pela recusa por parte dos artistas de qualquer juízo estético, mas também porque o centro institucional das artes –  o museu – foi perdendo força, como se tivesse ocorrido uma espécie de evasão geral.

As atuais tentativas de usar a política como critério constitui mais um problema que uma solução, dado que sem a força da an-arché a arte se reduz  a mera auxiliar das ideologias em guerra. Nestas circunstâncias o único critério que parece restar é a “obra de arte”, cada uma delas na sua singularidade produzindo uma estética transitória, inventando conceitos, determinando os seus encontros e desencontros no real.

Neste sentido, cada obra, sendo única, cria espontaneamente uma alegoria da arte. Todas o fazem necessariamente, mas por razões misteriosas nem todas o fazem da mesma maneira, nem possuem a mesma potência.

Local:

MAC/CCB

museu
Praça do Império (Centro Cultural de Belém) 213 612 878 https://www.ccb.pt/macccb/