Teresa Rodrigues
Maternidade
…Na exposição há uma grande densidade visual acumulada. Estão as pinturas de Teresa Rodrigues e estão também, carregando o campo visual em redor, os painéis de azulejo azuis e outros elementos, anteriores à nossa contemporaneidade, como as pinturas do tecto. O que normalmente seria um excesso de informação perturbador de leitura de uma imagem não parece acontecer aqui. Antes de mais, há um destacamento espacial das pinturas em relação à parede que lhes segue: um cavalete que segura cada pintura, colocando-a noutro plano mais aproximado. A própria linguagem pictórica, que já é recorrente no percurso da artista, facilita o exercício de isolamento na observação da tela. Em contraste com os monocromáticos paineis, que acabam funcionando como quase neutros, temos uma expressão variada de texturas, de cores que são vivas na sua alternância apertada, como que disputando a atenção. Dão assim uma sensação de efervescência oposta à sensação fria do azulejo.Talvez a maternidade seja assim: uma ocupação rica, de espaço e de muitas outras dimensões, de tal modo presente que a sua acção assertiva acaba sendo eficaz e de intenções simples; e quente.
Bernardo Rodrigues
Segunda a sexta, das 9h às 18h
Local: