A Nossa Cidade

Por três vezes, Thorton Wilder foi distinguido com o Prémio Pulitzer, uma delas por Our Town (1938), texto dramático que é, muito provavelmente, a sua obra mais famosa e representada. A peça original decorre na cidade fictícia de Grover’s Corners, no New Hampshire, e parte da história de um homem e de uma mulher, vizinhos desde a infância, depois casados e, tragicamente, separados pela morte.

Da trivial história de amor, Wilder constrói uma peça absolutamente nova na dramaturgia norte-americana, facto a que não terá sido alheia a passagem pela Europa no final dos anos 20 do século passado e o contacto com o teatro de Brecht e Pirandello. É que a Grover’s Corner imaginada projeta-se numa dimensão universal para retratar o quotidiano, o amor e a morte, temas que Wilder explora genialmente num exercício metateatral sobre “a experiência humana do tempo”, sobre o que vivemos e o que não poderemos viver depois de mortos.

Ora, essa universalidade, com os recursos esparsos do cenário e alguns pontuais dispositivos cénicos, levaram, ao longo dos anos, a cidade de Wilder a ser um quadro para todas as geografias, chegando agora a vez de três jovens companhias de Lisboa – Os Possessos, os Auéééu – Teatro e o Teatro da Cidade – inscreverem a nossa cidade nesta viagem alegórica, que mais não é que uma profunda e avassaladora reflexão sobre a vida e sobre o teatro.

Com estreia marcada para março de 2020, reagendado para janeiro do ano seguinte, mas mais uma vez adiado devido à crise sanitária, o espetáculo chega ao público, por fim, em julho de 2021. FB

Local: