Febres de Lisboa
Cia. JGM online
Jaime Batalha Reis diz de seu amigo Eça de Queirós que este através dos contos que compôs e que foram editados postumamente arquitetou um “Poema Fantástico”. Dizemos nós que esse poema imprimiu entre linhas a juventude de uma época em Portugal e cujas influências são já as que descem de uma Europa do Norte. Esboçam-se, neste conjunto de textos, um imaginário povoado de sonhos e visões que se impõem como rasgões sobre um mundo que se descolava. Cada texto é um manifesto, uma paixão exposta. Uma montanha que se sobe e se aproxima do transcendente ou de Deus talvez. São estes textos uma coleção de gritos adolescentes aos quais Eça apelidou mais tarde: Prosas Bárbaras. Estavam neles escondidos, mas expostos as vozes, os desejos, as iluminações de homens do Sul, esses bárbaros que vivem entre a terra e o mar. Hoje, estes bárbaros escondidos entrelinhas nestes textos, saltam-nos ao caminho e incendeiam-nos a imaginação. Interpelam-nos e confrontam-nos, à vez, saídos de entre um mundo ingénuo e outro desapiedado.(…)
Ficha técnica:
Companhia João Garcia Miguel. A partir de Eça de Queiroz. João Garcia Miguel, texto, espaço cénico e direção; Helena Dawin, Lena Edvardsen, André Marques, Manuel Sá Pessoa, Diogo Tormenta, Nilson Muniz e Sérgio Gomes, interpretação.