teatro
Compêndio Tarantino
Ricardo Neves-Neves dirige 'Motel QT'
A partir dos oito guiões de filmes assinados por Quentin Tarantino, Ricardo Neves-Neves e mais de uma dezena de alunos finalistas da Escola Superior de Teatro e Cinema construíram uma delirante história de crime e vingança. Irresistível, sobretudo, para os fãs do realizador norte-americano, Motel QT está em cena, entre 11 e 15 de julho, na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II.
Dois gangsters pintarolas, quatro ninfomaníacas janadas, um romântico casal de assaltantes, um mestre de kung fu em versão proprietário de motel e a sua misteriosa discípula, três assassinos contratados e uma mulher que transporta uma mala carregada com uma obscena soma de dinheiro encontram-se no Motel QT (deve ler-se cuu-ti). Parece-lhe familiar? Certamente, sobretudo se for um fã de Quentin Tarantino e delirar com as frenéticas histórias de crime e vingança com que o realizador norte-americano tem sacudido a monotonia da produção de Hollywood ao longo das últimas décadas.
Pegando em personagens e episódios, transfigurando uns e recriando outros, vários alunos-finalistas de diversos ramos da Escola Superior de Teatro e Cinema construíram, com encenação de Ricardo Neves-Neves, um espetáculo delirante que funciona como um verdadeiro compêndio Tarantino.
“Construímos um texto novo a partir dos oito guiões que o realizador dirigiu”, explica Neves-Neves, sublinhando que “o modo como Tarantino encena a violência, relaciona comédia e farsa, concebe imagem e movimento, permite trabalhar as várias capacidades do ator. E isso parece-me essencial, sobretudo, quando este é um espetáculo final dos alunos da Escola Superior de Teatro e Cinema.”
Feliz com “o grupo de atores particularmente jovem” que se prepara para iniciar a atividade profissional, o experiente encenador e dramaturgo crê que “Motel QT está a ser uma extraordinária experiência para todos, ainda mais porque foram eles a construir o texto e a erguer todo o projeto”. E, lembra o seu próprio trajeto quando concluiu a formação, na mesma escola, e se debateu com a escassez, ou até mesmo a inexistência de companhias onde pudesse exercer a profissão. “Essa realidade impeliu-me a escrever os meus textos e a fundar o Teatro do Electrico. Ou seja, a criar o meu lugar”, conclui.