Five Days in March – Recreation 2017

Chega do Japão um dos espetáculos mais aguardados do Alkantara Festival. E não é só pelo trabalho inovador e surpreendente que o coletivo cheltfitsch tem conferido ao teatro nipónico contemporâneo (que, aliás, já havia sido mostrado pelo festival dirigido por Thomas Walgrave em 2010 e 2014). Nesta edição, o público português poderá testemunhar a “recriação” do espetáculo-sensação Five Days in March, peça que afirmou internacionalmente, desde a sua estreia em 2005, o autor e a companhia.

Originalmente, Okada partiu de um facto histórico – a declaração de guerra ao Iraque pelos Estados Unidos e aliados, em 2013, à qual o Japão se associou, pela primeira vez em quase 60 anos de história – para promover um retrato repleto de ironia da denominada Geração Y, constituída por jovens apáticos perante a vida e impotentes face ao rumo dos acontecimentos. Mais de década e meia depois, a apatia deu lugar à incerta tentativa de uma tomada de consciência, e os jovens japoneses de hoje, à semelhança dos ocidentais, debatem-se com o recrudescimento mundial dos nacionalismos e com uma sucessão de ataques terroristas que irromperam pelo seu quotidiano.

O que é mais curioso nesta Recreation 2017 é Okada introduzir numa nova geração de intérpretes praticamente o mesmo texto, explorando singularmente o contraste entre a apatia do passado e as mudanças do presente que se impõem no futuro da atual juventude. FB

Cheltfitsch/KAAT Kanagawa Arts Theatre. Toshiki Okada, texto e encenação; Chieko Asakura, Riki Ishikura, Yuri Itabashi, Ayaka Shibutani, Ayaka Nakama, Leon Kou Yonekawa e Manami Watanabe, interpretação.

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