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Gonçalo Barreiros

Então aquilo que

artes
6 abril a 30 abril 2021
Galeria Vera Cortês
Gonçalo Barreiros

Um tropeção, um desequilíbrio. A hipótese de queda parece iminente. Experiencia-se um sentimento misto entre a confusão e o espanto, e muito rapidamente tenta-se fazer da queda um movimento natural, mediante um qualquer gesto de improviso. E, com toda a seriedade, acabamos a rir de nós mesmos, atrapalhados, por termos sido “apanhados” desprevenidos, por termos sido desarmados, naquele instante. Por certo, todos reconhecemos esta sensação. O sobressalto, as mãos no ar à procura de apoio, o sapateado agitado, a coreografia desengonçada a fim de recuperar o equilíbrio. Todavia, apesar da manifesta familiaridade, este sentimento repentino de confusão, de perplexidade e de desorientação, é um sentimento que procuramos insistentemente suprimir ao longo da vida…

E, com efeito, através da disposição das esculturas na sala e das repetições do som que a acompanha, esta exposição evoca primeiramente uma imagem com a qual estamos familiarizados, uma imagem que nos é próxima, que podemos reconhecer quase de imediato, mas logo compreendemos que, por sermos postos em cena pelo artista, uma imagem tão familiar pode levar-nos muito mais longe, pela sensação de surpresa que desencadeia, mediante um compasso de espera. Damo-nos então conta desse sentimento familiar de confusão na falta de palavras – substância de natureza etérea, talvez, que toma peso através da escultura -, e da quebra desse silêncio desconcertante, entre assobios instrumentais melodiosos, que nos envolve e nos sobressalta. ..

Filipa Correia de Sousa

Terça a sexta, das 14h às 19h, sábado, das 10h às 13h


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