Thomas Mendonça
Só estudo análise clínica depois de fazermos amor
“Só estudo análise clínica depois de fazermos amor.“, tipicamente adolescente – só me concentro depois de ser feliz – é o que me inspira esta frase que me chegou em segunda mão, relatada na terceira pessoa do singular. Identifico-me muito com esta afirmação. Não porque perdi a adolescência a estudar, nunca estudei muito – muito menos análise clínica – mas talvez porque queira agora passar a vida adulta a fazer amor. Já corri demasiado. Já estive em vários sítios ao mesmo tempo, cansei-me horrores e quase morri, então retomei onde me tinha esquecido de olhar para mim. Com a chegada da minha segunda adolescência, surgiu a leve e doce irresponsabilidade que nunca me permiti viver durante a primeira. Mudei de casa, apaixonei-me como nunca e trabalhei a um ritmo indiscutivelmente mais humano. Se estas cerâmicas parecem o centro, na verdade elas são apenas um pretexto, ou aquilo que fui fazendo entre as linhas do resto que é a minha vida. Algumas são bastante totémicas, serão certamente sagradas. As que parecem urnas funerárias, provavelmente contêm as cinzas dos fantasmas que um dia entreguei às chamas.
Thomas Mendonça
Terça a domingo, das 10h às 17h
Ficha técnica:
Curadoria de Sofia Marçal
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