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Ainda Marianas

A partir de 'Novas Cartas Portuguesas'

teatro
21 abril a 8 maio 2022
qua: 19h30; qui: 19h30; sex: 19h30; sáb: 19h30; dom: 16h30
Teatro Nacional D. Maria II
Ainda Marianas

Passa no presente mês de abril, precisamente, 50 anos sobre a publicação do livro que sacudiu o já moribundo Estado Novo, à época liderado por Marcelo Caetano. A ideia de escrevê-lo a seis mãos nasceu cerca de um ano antes, em 1971, quando Maria Isabel Barreno (1939-2016), Maria Teresa Horta (n.1937) e Maria Velho da Costa (1938-2020) – autoras que, como lembra Ana Luísa Amaral, haviam “publicado algum tempo antes livros marcados por uma forte dimensão política, que tinham desafiado, de formas diversas, os papeis sociais e sexuais esperados das mulheres” – acordaram partir das Lettres Portugaises, atribuídas à freira portuguesa Mariana Alcoforado, para abordar temas como “a paixão, a clausura feminina, a escrita, o sentimento de isolamento e abandono, a guerra, fazendo um paralelo inequívoco e crítico da sociedade portuguesa de então” (cit. sinopse do atual espetáculo).

Em Novas Cartas Portuguesas, obra composta por 120 textos (não assinados individualmente e, até hoje, tidos como escritos a três) literariamente heterogéneos, como poemas, cartas, narrativas curtas e ensaios, tece-se uma duríssima crítica à sociedade portuguesa de então e, simultaneamente, é colocado em causa o papel da mulher no enquadramento institucional da família católica. O livro é imediatamente censurado pelo regime fascista e as autoras são levadas a julgamento sob a acusação de o livro ser “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”. O processo imortalizou Barreno, Horta e Velho da Costa como as “três Marias”, epíteto porque ficaram conhecidas, também, internacionalmente.

Neste espetáculo, Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu confrontam a obra com outros textos e documentação da época, nomeadamente, ligada ao julgamento das autoras, para “convocar uma reflexão em torno da memória coletiva de um país, da sua gente e do seu tempo.” FB

texto de Frederico Bernardino/Agenda Cultural de Lisboa-abril 2022

Sessão com interpretação em Língua Gestual Portuguesa a 24 de abril, às 16h30


Ficha técnica:

Os Possessos. A partir de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu, criação e drsmaturgia; Catarina Rôlo Salgueiro, encenação; Ana Baptista, Rita Cabaço e Teresa Coutinho, interpretação.


11 € - preço normal (ver descontos aplicáveis)

Local: