A Reconquista de Olivenza

Foi em fevereiro de 2020, depois do sucesso de Banda Sonora, que Ricardo Neves-Neves e Filipe Raposo se reencontraram para contar a “épica” história de um povo (o português) em demanda da sétima bola de cristal (leitura pop do mito do Quinto Império em versão Dragon Ball) que se encontra, precisamente, numa pequena cidade ocupada pelos espanhóis: Olivenza. O sucesso foi tanto que o São Luiz esgotou e prometeu voltar a mostrar esta Reconquista. O que acontece agora!

Assim, para levar a bom-porto a missão, depois de reunidos todos os proféticos mandamentos legais, a Rainha de Portugal prepara uma expedição a partir de Lisboa, “pela Ponte 25 de Abril, seguindo pelo Alentejo até Olivenza”. A corte parte então dos Jerónimos, cruza o Tejo até à “Margem Soviética”, onde encontra o espírito de Álvaro Cunhal, passa pelo Califado de Alcácer do Sal e consegue o apoio do Imperador da China, aliado histórico dos portugueses no Oriente, que lhe envia, para engrossar fileiras, uma lutadora chinesa de videojogos acabada de aterrar no aeroporto de Beja. Pelo caminho, não vão faltar toques do divino, com as aparições de três Nossas Senhoras – de Fátima, de Guadalupe e de Lourdes –, nem a preciosa ajuda inglesa da mágica ama Mary Poppins. A bem do melhor ambiente, neste espetáculo as tropas portuguesas recusam a mobilidade em veículos movidos a energias fósseis, utilizando para o efeito trotinetes e carros elétricos.

[texto de Frederico Bernardino/Agenda Cultural de Lisboa, fevereiro de 2020, adaptado em 2022]

Local: