Isabel Cordovil
A matéria é soberana
A prática de Isabel Cordovil oscila entre poéticas de distintas naturezas, regimes técnicos e materialidades heterogéneas, de modo a construir uma estética, na grande maioria das vezes, autobiograficamente implicada, através da qual a artista procura avaliar ironicamente, corromper, inverter o movimento ou simplesmente manifestar os pontos de contradição das máquinas simbólicas e arquetípicas humanas, longamente enraizadas nas lógicas dos aparelhos culturais e linguísticos que medeiam a nossa relação com o mundo. (…)
Em A Matéria é Soberana, a primeira individual de Isabel Cordovil na Uma Lulik, é justamente nessa tensão entre aquilo que armadilha e aquilo que liberta, entre aquilo que aprisiona, ilude, cauciona e tudo aquilo que daí se evade, insurge ou subtrai como resto imponderado, que o movimento global de toda a exposição se desenvolve.
Aqui, a artista convoca distintas imagens-fortes da mitografia ocidental, narrativas religiosas, figuras heroicas, santos-mártires ou proscritos, justapondo-as a objectos conotados com dispositivos de violência sobre os corpos [humanos e não humanos], como a flagelação penitenciária e a mortificação da carne.
David Revés
Quarta a sábado, das 14h às 19h
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