Os Mortos Têm Todos as Mesmas Penas
Truta no Buraco
Ao longo do tempo das nossas vidas humanas há um ponto em que sentimos claramente que o chão começa a puxar, devagarinho, o corpo começa a ganhar peso.
Então atiramos os olhos para cima, as mãos erguidas em flor a abocanhar o céu, a implorar tréguas à gravidade.
Para uns é assim que se encontra Deus, para outros é assim que se descobrem as aves.
Em 1813, o famoso ornitólogo John James Audubon relatou ter assistido a um bando migratório de biliões de pombos-passageiros no Kentucky, tão compacto que por três dias “a luz do meio-dia foi obscurecida como por um eclipse”.
O último exemplar desta espécie chamava-se Martha e morreu em 1914 no jardim zoológico de Cincinatti.
É sobre o céu que nos inclinamos nesta peça, para que possamos, antes que seja tarde demais, aprender algo com os que, realmente, cagam de alto.
Espetáculo inserido na edição de 2023 do Festival Temps d'Images.
Ficha técnica:
Andreia Farinha, João Melo, Anafaia Supico e Raphael Soares, conceção e encenação; Andreia Farinha, texto; Andreia Farinha e João Ayton, com participação de Anafaia Supico, João Melo e Raphael Soares, interpretação.
Local:
DAMAS
damas.lisboa@gmail.com