A Coragem da Minha Mãe

Em julho de 1944, em Budapeste, a máquina de morte nazi deporta para Auschwitz cerca de quatro mil judeus. Entre os “deportáveis” estava Elsa Tabori, uma mulher que com um misto de astúcia e uma inacreditável sorte escapa ao terrível destino. É esta quase inverosímil história da sua própria mãe que George Tabori narra nesta peça “terna, libertária e antifascista”, como a considera Jorge Silva Melo, a primeira que o dramaturgo, com a sua vivacidade e paradoxal subversão, dedica ao tabu em torno do Holocausto (a comédia negra Mein Kampf, que rouba o título diretamente a Hitler, é talvez a mais famosa e polémica).

Nascido em 1914, a longa vida (morreu em 2007) deste descendente de uma família de intelectuais judeus húngaros é digna da melhor ficção. Estuda em Berlim, onde se inicia no jornalismo, tornando-se cidadão britânico em 1941. Após saber da morte do pai em Auschwitz, parte para os Estados Unidos, em 1945,onde conhece o exilado Bertolt Brecht, namora com Greta Garbo e acaba casado com Viveca Lindfors. Para além de várias incursões no romance, inicia uma carreira de guionista, trabalhando com Alfred Hitchcock (I Confess) ou Richard Brooks (Crisis). Profundamente influenciado por Brecht, dedica-se ao teatro e a sua primeira peça, Fuga para o Egipto,é encenada por Elia Kazan. Perseguido pelo macartismo, regressa à Europa e, entre a Alemanha e a Áustria, afirma-se como um dos mais importantes dramaturgos e encenadores do seu tempo.

A peça agora levada à cena pelos Artistas Unidos data de 1979, tendo sido protagonizada na estreia por Hanna Schygulla, e adaptada ao cinema em 1993, com Pauline Collins no papel de Elsa. FB

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