A Morte de Danton
Büchner/ Nuno Cardoso
“Este relógio não tem descanso?”, pergunta Danton, o tempo acelera, a História parece começar violentamente de novo, é esse o sentido primeiro de “revolução”, enfrentar o problema do começo. A Morte de Danton (1835) mergulha-nos no caos poético e sangrento da Revolução Francesa, mas esta peça é também ela revolucionária. Georg Büchner opera uma feroz fragmentação da forma teatral tradicional, lançando cenas curtas e longas, agitadas e meditativas num entrechocado fluxo narrativo que antecipa a montagem cinematográfica.
É com ela que Nuno Cardoso inaugura uma nova temporada, a primeira enquanto diretor artístico do TNSJ. Através dela, o encenador vê um corpo social em permanente estado de convulsão e decomposição, uma orgia de carne humana. Mas as ruas de Paris, em 1789, são as mesmas por onde corre agora a revolta dos Coletes Amarelos. Ruas que desaguam nas margens do Mediterrâneo ou do Rio Grande, no regresso dos muros, na potência do ódio, no avanço dos populismos. “Tão maus os tempos que correm. Quem poderá fugir-lhes?” A Morte de Danton continua, ainda e sempre, a confrontar-nos com perguntas difíceis, terríveis. “Até quando continuará a humanidade a devorar o seu próprio corpo?” “Este relógio não tem descanso?”
texto: Teatro Nacional de São João
Ficha técnica:
TNSJ. Georg Büchner, texto; Nuno Cardoso, encenação; Afonso Santos, Albano Jerónimo, António Afonso Parra, Joana Carvalho, João Melo, Mafalda Lencastre, Margarida Carvalho, Maria Leite, Mário Santos, Nuno Nunes, Paulo Calatré, Rodrigo Santos e Sérgio Sá Cunha, interpretação.
9 € a 16 €
Local: