Arne Kaiser e Leonor Hipólito
Trechos de uma paisagem interrompida

Casas, carros, ruínas, vegetação, gado, lixeiras compõem as paisagens que Arne e Leonor vão registando na sua memória. São trechos de locais e de construções, de presenças e corpos, de formas de vida e de vivências, que inspiram a analisar a ligação que as pessoas mantêm à terra e ao lado expressivo e inato da vida.
Há muito que a paisagem portuguesa se retalhou em variadas intervenções urbanas, fazendo com que locais menos povoados, como as vilas e as aldeias atuais, sirvam de testemunho ao modo como grande parte dos seus habitantes se relaciona com a terra e sua vegetação remanescente por entre pilares de betão, auto-estradas e viadutos, pedreiras, centrais elétricas e barragens; de como vivem, o que priorizam, o que negligenciam, como pensam; que perspectiva se constrói ou se retorce à volta da índole humana.
Arne Kaiser tem desenvolvido, ao longo dos anos, um trabalho fotográfico que se caracteriza pelo seu olhar atento à intervenção humana tanto na paisagem urbana quanto na paisagem que se preserva mais natural. Em 2016, publicou Naturally, um livro que reúne 68 fotografias no formato de passeio visual pelo Jardim da Tapada das Necessidades, em Lisboa.
Mais recentemente, tem desenvolvido o seu interesse pela Região do Centro de Portugal, da qual surgem as fotografias que escolheu para juntar às esculturas de Leonor nesta exposição.
Leonor Hipólito combina, em três esculturas, três aspectos que considera fundamentais do ser: paisagem-corpo-casa, e fá-lo apropriando-se do efeito de fragmentação enquanto estímulo à habilidade humana de reavaliar, recompor e reintegrar, que são ações necessárias caso se pretenda mudar o estado das coisas ou o estado em que nos encontramos.
Terça a sábado, das 14h às 18h
Local: