Binka Jeliaskova: A Luta é um Múmurio

A obra de Binka Jeliaskova revela todo o entusiasmo da criação. O seu cinema floresce no prazer da construção narrativa (a desmultiplicação de personagens, o espírito coral, o panorama sociológico), na força dos símbolos (as mãos em chamas de um revolucionário, um balão oracular, uma piscina sem água, uma foice que não corta a corda da forca) e na violência das parábolas (a transformação em estátua do herói, o apagar da luz da esperança, a sacralização de um burro de ouro, o trabalho de parto no corredor da morte, o salto para água com vestido de gala, o ritual suicidário do próprio cinema). Composta por apenas nove longas-metragens (seis ficções, dois documentários e um telefilme – das quais quatro foram proibidas pelo regime soviético), a sua filmografia abre um rasgo fulgurante na história do cinema moderno.
Pioneira do cinema búlgaro, mulher engajada (enquanto realizadora e, antes disso, enquanto resistente partisan antifascista) e cineasta maior, Binka Jeliaskova desenvolveu um universo estético complexo e matizado, onde o idealismo romântico se alia à sátira política. Longamente esquecida e invisibilizada (o seu primeiro filme foi proibido por mais de três décadas, mas após a Queda do Muro foi acusada de continuar fiel aos ideais comunistas – o que garantiu o fim da sua carreira em 1989), a retrospetiva “Binka Jeliaskova: A luta é um murmúrio” é apenas a segunda mostra integral realizada fora da Bulgária. (Cinemateca Portuguesa)
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