Director’s Cut
A Cinemateca com o IndieLisboa
A programação do IndieLisboa, secção Director’s Cut e Director’s Cut em Contexto, é exibida na Cinemateca com tesouros há pouco recuperados (Hopper/Welles, Três Dias Sem Deus e The Last Stage) e filmes que retrabalham o património cinematográfico. Há ainda uma sessão especial dedicada a uma seleção de filmes de curta metragem do coletivo L’ abominable (laboratório experimental onde artistas cineastas de várias gerações e proveniências trabalham em película), a propósito da homenagem da secção Silvestre ao realizador colombiano Camilo Restrepo. Todos os filmes exibidos no Director’s Cut e na sessão especial são primeiras apresentações na Cinemateca. Programação aqui
O destaque na secção Director’s Cut é Hopper/Welles, de Orson Welles, estreado na edição do ano passado do Festival de Veneza, a sua primeira exibição pública depois de 40 anos guardado. Filmada em 1970, esta conversa apanha os realizadores em momentos cruciais das suas carreiras; Welles não trabalhava em Hollywood há mais de uma década, e tinha começado a confirmar-se como um artista ferozmente independente e idiossincrático, já Hopper, acabava de alcançar sucesso inesperado com o hit de contracultura Easy Rider, financiado por um estúdio. Em preto e branco, e iluminado apenas pela lareira e lâmpadas de furacão, este é um registo histórico entre duas figuras magistrais do cinema americano, que aqui conversam sobre cinema, a arte e a vida.
Outra surpresa é Três Dias Sem Deus, a primeira longa-metragem de ficção realizada por uma mulher em Portugal. Bárbara Virgínia, que tinha à data 22 anos, realizou o filme, foi corresponsável pelo argumento e interpretou o papel principal. O filme estreou a 30 de agosto de 1946, no Cinema Ginásio em Lisboa, e viria a integrar a comitiva portuguesa na segunda edição do festival de Cannes, nesse mesmo ano. Aquando da sua primeira projeção, o filme teria cerca de 102 minutos (aproximadamente 2800 metros de película). Desses, foram preservados, apenas, 26 minutos (868 metros) de filme, dos quais se perdeu a banda-sonora. O resultado de uma digitalização e restauro digital desse fragmento é agora apresentado no IndieLisboa, no dia em que se comemoram 75 anos da estreia.
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