Francisco Vidal
Escola Utópica de Lisboa

A exposição Escola Utópica de Lisboa de Francisco Vidal no Pavilhão Branco corresponde a um exercício radical que se erige a partir de uma perspetiva passada, presente e de futuro no âmbito da prática artística deste criador.
Concebida para dar visibilidade a facetas diversificadas na sua produção, a mostra tanto retoma obras primordiais do seu percurso, como dá visibilidade a experiências vitais de uma pedagogia utópica onde a arte, nomeadamente o desenho, se manifesta enquanto ponte para a assunção de um sentimento de comunidade (com apontamentos das cidades de Amares no norte de Portugal e Luanda, Angola).
Complementarmente, a Escola Utópica de Lisboa vai tornar-se um work in progress mediante a interação com diferentes grupos desta região que vão beneficiar da abertura de diálogo formal e social que o artista estabelece com estas micro-comunidades.
Num momento de crise civilizacional, Francisco Vidal aponta para uma desestruturação das convencionalidades institucionais: a sua arte é feita de urgência comunicativa, conceptual e expressiva – num continuado labor do desenho enquanto ferramenta essencial.
A portabilidade informal da maior parte daquilo que se pode ver na exposição é um comentário desarmante perante a crescente comodificação de uma arte bem-comportada e conivente com o mainstream dos coquetéis e canapés.
As vivências africanas obrigam a uma reflexão incessante sobre as cicatrizes ainda abertas nesse contexto, mas devemos aqui sublinhar que Francisco Vidal nunca se deixa emaranhar num qualquer panfletarismo básico, antes apontando para a possibilidade de inscrição de uma memória prospetiva a partir de comunidades assim portadoras de um maior sentido crítico perante o real.
Miguel von Hafe Pérez
Terça a domingo, das 10h às 13h/14h às 18h
Ficha técnica:
Curadoria de Miguel von Hafe Pérez
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