Hello, my name is
Paulo Castro
Num tempo em que assistimos à eminência de novos radicalismos, de posições extremadas, Paulo Castro regressa ao teatro político – que tem marcado o seu percurso – com Edward Bond e Coros depois dos assassinos.
Neste tempo presente, revisitamos o passado recente, esmagador dos direitos e liberdades humanas, que resultou no massacre de centenas de pessoas, em Timor Leste, ex-colónia portuguesa. A peça marca o regresso a Portugal do criador radical e disruptivo, que em 2002 fundou a companhia Stone/Castro, partilhando a direção artística com a bailarina Jo Stone, fazendo de Adelaide (Austrália) a sede de trabalho a partir de 2006.
Na peça de Bond, o dramaturgo britânico imagina um mundo de violência por vir, 50 anos mais tarde (a peça é de 1998), resultado de uma escalada do domínio militar. Os sintomas dessa sociedade militarizada, opressiva e devastadora das liberdades humanas podem agora ser revisitados em Hello My Name Is, um espectáculo para um homem só, interpretado pelo ator timorense José Da Costa. Neste “one man show”, Da Costa faz uma apresentação poderosa de um homem que se coloca em múltiplos papéis – ele é a pessoa que faz luto por alguém que foi assassinado para logo a seguir ser o militar que dispara a matar –, usando a linguagem poética de Edward Bond para chamar a atenção para os desafios enfrentados por Timor Leste, tanto no passado quanto no presente. Aqui, não há apenas um responsável pelas atrocidades, incluindo figuras históricas como Ali Alatas ou Gareth Evans… todos estamos implicados no destino da humanidade.
A récita de 11 de abril foi cancelada.
Ficha técnica:
OzAsia Festival, Colectivo 84, Stone/Castro. A partir de Edward Bond. Paulo Castro, encenação; José Da Costa, interpretação.
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