Ítaca – Nossa Odisseia I

Em 2016, com o impeachment da presidente Dilma Rousseff no centro da agenda mediática, E se elas fossem para Moscou? abria com chave de ouro mais uma edição do Alkantara. Este ano, Christiane Jatahy está de volta para encerrar o festival, num momento em que a encenadora e cineasta brasileira frui de uma aura de consagração internacional, a que Lisboa se associou através da bienal Artista na Cidade de 2018. Com produção do Odéon-Théatre de l’Europe, de Paris, Ítaca – Nossa Odisseia I adapta muito livremente dois episódios da Odisseia de Homero, fazendo ecoar sobre o público o estado trágico do mundo, do drama das migrações no Mediterrâneo ao Brasil em crise profunda, passando pelos múltiplos conflitos bélicos que fazem do planeta um sítio cada vez mais perigoso. Nesta odisseia, interpretada por três atrizes brasileiras (ora Calypso, ora Penélope) e três atores franceses (são pretendentes ou são Ulisses), Jatahy volta a desafiar fronteiras, não as da convivência entre teatro e cinema (que marcava o tríptico iniciado com Julia), mas sobretudo as da realidade e da ficção e as do público com a própria cena. E tudo começa em clima festivo para terminar num mar de lágrimas… FB

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