João Santa-Rita

A exposição apresenta um conjunto de 150 desenhos realizados pelo arquitecto João Santa-Rita, durante os últimos cinco anos. Ao contrário do que poderíamos esperar, não são desenhos referentes a projectos de arquitectura. São desenhos que revelam um imaginário complexo povoado por um enredo de linhas, que deslizam sobre o papel branco, como uma dança labiríntica que deseja ganhar vida.

Podemos encontrar afinidades, e sequências possíveis entre os desenhos aqui expostos no entanto, encontramos também uma autonomia em cada um deles que se reflete na impossibilidade de cada um se deixar dominar. Não sabemos que deuses os habitam… Só sabemos que ganham vida, que mudam de ritmo, à medida que vão avançando guiados, inconscientemente, pela mão que os revela.

A expressão de cada desenho, é encontrada pelo olhar do observador que é também protagonista. As possibilidades de descoberta são inesgotáveis, e são sempre renovadas cada vez que voltamos a olhar para um desenho que acabámos de ver há momentos atrás. É então quando intuímos que o nosso modo de entender depende do modo como recebemos algo e do quanto estamos dispostos a ser transformados.

Os desenhos estão povoados de traços que revelam cheios, vazios, equilíbrios, desequilíbrios, formas, tensões, energias; mas somos nós, com o nosso olhar, que os enchemos de significados. E quando suspeitamos ter entendido o que estamos a ver, voltamos ao início, e imaginamos algo diferente. Como uma viagem infinita. Quando pensamos que chegamos ao final, recomeçamos novamente. O mundo não muda quando o olhamos, mas nós sim. E assim recomeçamos uma e outra vez.
Bárbara Silva

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