Miguel Branco

Sob o título Terra – ou os Quarenta e Nove Degraus, Miguel Branco expõe o seu trabalho na Fundação Carmona e Costa, reunindo mais de cem obras desenvolvidas ao longo de três décadas.

A exposição é formada por três núcleos principais:

A série “Terra”, iniciada em 2013 que tem sido transversal à produção do artista durante os últimos dez anos. Esta série divide-se em duas partes fundamentais: os primeiros desenhos de 2013/14 da série das bibliotecas, que foi retomada em 2021 de forma mais abstrata, e a série das bancas de alimentos, inspiradas na pintura flamenga do século XVI, sobretudo em Joachim Beuckelaer, e em Pieter Aersten, percursores da “natureza morta“ que se definiu como género décadas mais tarde. Nestes desenhos, os personagens e as escalas são disfuncionais (a presença de símios e de macacos na cena em vez de seres humanos, a escala desmesurada de certos elementos vegetais), são referência a representações de abundância do período de grande expansão e conquista do Ocidente (séculos XVI e XVII), apresentados de forma distópica, num mundo de escassez de recursos.

A série “Atlas”, constituída por quarenta desenhos de borboletas azuis pintadas sobre imagens compostas e impressas digitalmente, refletem uma vasta gama de referências: desde imagens da guerra na Europa a imagens religiosas, monstros prodigiosos, anjos, deposições de Cristo, anunciações, máquinas de guerra, animais.

A série de pinturas de dimensões muito reduzidas de submarinos nucleares, invocam de forma silenciosa e discreta o momento presente, a guerra na Europa que convoca uma escalada bélica de proporções imprevisíveis à escala global.

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