Nicola Samori

Flores

artes
17 outubro a 23 novembro 2024
vários horários
Monitor Lisbon
Nicola Samori

(…) A pintura — e escultura — de Nicola Samorì coloca o dedo na ferida, de forma a abri-la e mostrar a beleza nela contida. Em conversa recente com Federico Ferrari, num bar decadente de Milão, este filósofo, o que melhor escreveu acerca da pintura de Samorì, apontou este artista como o sucessor de Lucio Fontana. Tenho meditado desde então nesta afirmação e, coincidência ou não, encontrei no Museu do Novecento, na mesma cidade do bar La Belle Aurore, uma possível resposta para essa ideia de uma ligação entre ambos os artistas.

Esse encontro dá-se no corte, no “taglio”, nessa ferida que Fontana abre nas telas a partir de 1958, nessas incisões que Samorì faz na superfície pictórica com um bisturi, abrindo a pele, única forma de ver o pulsar da obra, olhá-la em carne viva, sentir a sua temperatura, que desde há séculos, desde Antonello da Messina, nos faz sentir ainda o tecido cósmico da existência. (…)

(…) As obras que Nicola Samorì propõe na exposição “Flores” possuem também um rigor transcendental. Recordo as palavras de Maurice Merleau-Ponty em “Le visible et l’invisible” (1979) : “A espessura do corpo, longe de competir com aquela do mundo, é, pelo contrário, a única maneira que tenho de chegar ao coração das coisas, fazendo-me mundo e fazendo-as carne.”

 Em “Flores”, Samorì propõe uma selecção de trabalhos que ecoam o mármore da escadaria que dá acesso à cave da Monitor. Com excepção de uma obra, as restantes são pinturas feitas sobre pedra e, em alguns casos, sobre mármore rosa de Portugal que, por vezes, é enxertado com geodos de calcite, quartzo italiano, ágata, etc. (…)

Óscar Faria

 

Terça a sexta, das 13h às 19h, sábado, das 14h às 19h


Local:

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