Nuno Nunes-Ferreira
Monsieur Valadares
(…) Determinante para a compreensão desta obra é o facto de ela derivar do tratamento de um arquivo privado – Monsieur Valadares – que Nuno Nunes-Ferreira acabou por receber em mãos, de uma forma casual e improvável.
Monsieur Valadares, que poderia ser uma personagem de ficção, é tão somente a figura invisível que, ao longo de anos, foi constituindo um verdadeiro arquivo vivo, onde guardava revistas e jornais, recortando, anotando, selecionando um vasto leque de informação e materiais que classificava por temas e áreas do seu interesse.
No diálogo frutífero sobre as experiências diferentes e ao mesmo tempo coincidentes do arquivo, que unem Monsieur Valadares e Nuno Nunes-Ferreira, vão ganhando corpo a afirmação da subjetividade em detrimento da neutralidade, a ficção inerente à criação do registo e memória, os processos de seleção da informação e das imagens e, do mesmo modo, valores como os da performatividade, processualidade e informalidade no carácter tantas vezes ensaístico, experimental, da criação de um arquivo.
Sandra Vieira Jürgens, abril de 2022
Terça a sábado, das 14h às 19h30
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