O Belo, a Sedução e a Partilha

Oriunda de Tourcoing, no norte de França, a família Rousseaux estabeleceu-se em Leiden, como muitas outras famílias de regiões francófonas que aí se fixaram em busca de liberdade religiosa.

O pintor nasceu por volta de 1600 e manteve relações bastantes estreitas com o seu país natal, onde vivia em 1627, depois de um périplo pela Itália, viagem de estudo que muitos artistas da Europa setentrional faziam na Península Itálica.

É quase certo que frequentou também a oficina que Rembrandt dirigiu em Leiden desde 1628 até 1631, pois algumas de Rousseaux são tão próximas do estilo de Rembrandt que chegaram mesmo a ser atribuídas ao mestre holandês.

Embora a maioria das pinturas descobertas até à data pertençam à categoria dos chamados “Tronies”, isto é, retratos centrados na expressão facial, um género que teve a sua origem no círculo de Rembrandt, a presente obra faz parte de um corpus de obras representando pequenos concertos musicais com duas ou mais figuras, com precedente numa obra de juventude de Rembrandt — Alegoria Musical, atualmente conservada no Rijksmuseum.

A lembrança da pintura de Caravaggio neste tipo de composições também não pode ser descartada, influência que pode ter assimilado através do pintor Jan Lievens, durante o seu périplo por Itália ou por contacto direto com artistas franceses como Nicolas Tournier ou Trophime Bigot, que se mantiveram fiéis ao naturalismo caravaggesco até meados da década de 1630.