Panmela Castro
Do jardim, um oceano
Ao chegar à Galeria Francisco Fino, em Lisboa, é possível ver logo na entrada um autorretrato, da artista carioca Panmela Castro. Nele alguns dos principais elementos formais do seu trabalho estão presentes: o escorrido que resulta das pinceladas rápidas que buscam captar o instante (uma tradição da pintura moderna impressionista), a habilidade em captar o ar que circunda a pessoa retratada.
As plantas, as luminárias, a atmosfera de um jardim. Um espaço que por si só, carrega uma série de camadas históricas que vão também tocar na tradição artística europeia do século XVIII e sua disputa entre a natureza como algo controlável pela ação humana ou então como o lugar do insubmisso.
Não estamos em um jardim qualquer. Os pincéis, a paleta de cores, tudo nos faz entender que esse jardim é o lugar de processo e criação da artista. Panmela, em seu autorretrato, surge em posição ao mesmo tempo relaxada e absorta. Seus olhos miram um livro. Não qualquer livro! Em suas mãos, está o que seria um exemplar da obra definidora de Gayatri Spivak, que traz no título a pergunta retórica que conduziu grande parte dos pensadores interessados em fundar uma outra forma de compreensão do mundo: “Pode o subalterno falar?”.
Igor Simões
Terça a sexta, das 12h às 19h, sábado, das 14h às 19h
Ficha técnica:
Curadoria de Igor Simões
Local: