Queer Lisboa’27
2023
O Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer apresenta a 27.ª edição. A luta contra uma ideologia dominante e um sistema patriarcal instituído serve de mote a uma programação que oferece um olhar queer sobre o mundo e que através do cinema apresenta uma dimensão completamente nova. O cinema é o veículo de denúncia e também o espaço onde diferentes vivências, histórias e emoções se expressam. Os filmes, retrospetivas e convidados do festival espelham essa perspetiva queer, a luta contra a indiferença com o intuito de construir um futuro melhor.
O festival abre com La Bête dans la jungle, do austríaco Patric Chiha. O filme, que teve estreia em Berlinale, adapta livremente um conto homónimo de Henry James. A narrativa segue John e May que, entre 1979 a 2004, aguardam um momento transformador. Ao longo desses 25 anos, acompanham os grandes eventos mundiais pela televisão, enquanto dançam contra o tempo. Uma obra sensorial, onde música e dança são também personagens centrais.
Em parceria com a Cinemateca é homenageada a coreógrafa, bailarina e cineasta Yvonne Rainer, que usou o cinema para denunciar e subverter o sistema machista e patriarcal. Pioneira do movimento de vanguarda norte-americano é considerada uma das personalidades mais influentes do cinema feminista queer. O programa exibe os sete filmes que realizou, e que foram recentemente restaurados, e dois documentários sobre a sua trajetória.
Destaque para duas sessões especiais: Passages, o mais recente trabalho de Ira Sachs que aborda a complexidade das relações conjugais contemporâneas; e a comédia histórica, Sisi & I, de Frauke Finsterwalde, centrada nas figuras ficcionadas de Sissi, Imperatriz da Áustria e da sua última dama de companhia, Irma Sztáray. O filme narra a última metade da vida de Sissi e o momento em que a Condessa Irma a encontra numa comuna aristocrática para mulheres na Grécia, um universo longe da rigorosa etiqueta da corte austro-húngara.
Na secção Panorama, que apresenta filmes fora da competição, destacam-se os documentários Cidade Lúcida, que revela a vida de Benvindo Fonseca, histórico bailarino do Ballet Gulbenkian, o primeiro e único bailarino negro da época, e Intransitivo: um documentário sobre narrativas trans, produzido por um coletivo de artistas trans do Brasil. Na ficção, de salientar, Drifter, a história de um jovem que se muda para Berlim e mergulha no hedonismo e alienação emocional e Arrête avec tes mensonges, obra baseada no romance homónimo, de Philippe Besson, sobre as memórias ficcionais do seu primeiro amor.
O Queer termina com Queendom, um documentário corajoso de Agniia Galdanova que acompanha Gena, artista queer de uma pequena localidade russa. Numa sociedade extremamente conservadora, Gena, com apenas 21 anos, encena performances radicais em público aliando arte e ativismo. Um ato de solidariedade para com as pessoas LGBTQ+ que pode, eventualmente, colocar a sua vida em perigo. [texto de Ana Figueiredo/Agenda Cultural de Lisboa]
Programação integral aqui
4,50 € e 3,50 € - preço normal e com desconto (Cinema São Jorge)
3,20 € e 2,15 € - preço normal e com descontos aplicáveis (Cinemateca)
Local:
Cinema São Jorge
Bilheteira: todos os dias das 13h às 20h. Em dias de eventos até 15 min. após o início da última sessão.